terça-feira, 31 de março de 2009

FELIZ NATAL PRA VOCÊ!

O que foi, caro leitor? Acha que fiquei louco?
Desejar Feliz Natal em pleno final de Março, entrada do outono e chegada do Coelhinho da Páscoa?
É engraçado como nos prendemos em datas comemorativas e como elas interferem em nosso modo de ser, principalmente na economia pois, é justamente nestas ocasiões que o cheque especial fica detonado e os cartões de crédito fazem a festa. Tudo em nome da alegria que passa tão rapidamente quanto uma chuva de verão.
Mas de qualquer maneira, a gente deseja sim, do Fundo do Coração, um Feliz Natal a todos vocês, porque a cada alvorecer, quando a gente abre os olhos e depois olha pela janela, temos a satisfação de ter nascido uma vez mais para a vida. E isto é Natal! - Verdade que na maioria dos dias, um Natal sem presentes perante o magistral Presente. É claro que a maioria das pessoas nem lembra que é assim. Acordam cedo e pegam o "trem da vida" na próxima esquina para encarar seus desafios diários.
Essa aparente brincadeira serve apenas como um alerta. Para que você dê aos seus filhos um grande abraço e um sorriso verdadeiro. Será que eles vão desejar outro presente?
Da mesma maneira, serve para que você lembre de diminuir o ritmo alucinante, respirar com calma, ouvir uma boa música, curtir bons momentos com a família e os amigos.
A vida, dizem, é muito curta e não há tempo a perder. Mas como ganhar tempo? Correndo atrás de dinheiro e de bons negócios?
A vida se esvai e os momentos mágicos, se não forem por nós criados, ficarão apenas na vontade, quando lá adiante, já não tivermos a energia ideal para realizá-los.
Estamos encerrando o mês de Março e abrindo os portais para Abril. Todo dia é momento para que se mude alguma coisa em nossas vidas. Primeiro respire e depois faça um levantamento apurado do que é preciso mudar para que sua vida fique melhor. Antes de tudo, o abraço nos filhos, sempre! Depois, que tal limpar as gavetas e os armários e tirar de lá tudo o que não mais se usa e que não serve? Existem muitas pessoas que precisam justamente dessas coisas. Faça uma reciclagem em sua vida e ajude a promover uma vida melhor a todos.Agindo assim, você estará também, abrindo espaço para o novo. Pense bem nisto!
Feliz Natal
a todos vocês,
com muita Paz, Harmonia, Amor e muita,
mas muita Luz mesmo!

IMPLACÁVEL INVASOR

Caminha na distância o homem... Cansado de suas andanças além fronteiras.
Extasiado pela constante dança dos ventos. Caminha assim o homem... Através do tempo e alheio às estrelas, vaga quase perdido pela imensidão e completamente desapercebido de sua passagem. Um viajante apenas, sem bagagens, sem pressa, sem um destino certo, tatuando no arvoredo uma imagem de pura nudez. Nada que cause espanto e atente ao pudor. Uma nudez graciosa, que confecciona tapetes de mil cores. E com ele, o vento vem bailando e assobiando uma canção estranha. A roupagem das árvores se mistura pelo chão e se arrasta como um enorme véu de noiva. Mas não há casamento aparente.
O viajante solitário segue caminhando em seu curso e transforma os dias através de uma mágica de sentimentos mil. Enquanto atravessa sua estrada e deixa as árvores nuas, vai deixando mensagens cifradas em cada folha que cai. O tempo é senhor implacável e tudo acontece ao redor sem que se possa perceber. Sabe-se que algo acontece, silenciosa e sorrateiramente. A paisagem muda seu aspecto, mas a passarada prossegue em seu magistral coro. E lá vai o homem em suas andanças, em sua dança com o vento, procurando aconchego nas noites gélidas e quem sabe até, um bom e antigo vinho. É numa taça de cristal que ele saboreia o néctar do fruto e depois demarca seu território como se fosse um invasor poderoso sobre tudo e sobre todos. Sumiu no horizonte em busca de sua estação, não sem antes abrir os portais para seu parceiro frio que breve estará de passagem. Só longos meses depois de sua passagem é que seus escritos vão se revelar como fotografias na química. Um toque de magia, uma imagem! Um toque de soberania e pronto; novas folhas anunciam a chegada da prima de todos, envolta em suas vestes coloridas, rodeada por borboletas azuis e distribuindo vida nova por toda parte.
Distante anda agora o homem solitário, assobiando sua canção e se apropriando de outras terras. Breve estará de volta, zombando das estações que se passaram e pincelando em cinza uma nova nudez artística. E aos outros, seguirá manipulando sentimentos, provocando a saudade e deixando muitos de nós debruçados na janela, num final de tarde, com um profundo sentimento de melancolia. E para onde se perderá nosso olhar? - São José dos Pinhais – 31/03/2009 -
*Implacável Invasor - Pedro Brasil Júnior - Publicado originalmente na Usina de Letras.

quarta-feira, 11 de março de 2009

SE A GUERRA FOSSE APENAS UM SONHO

Se a guerra fosse apenas um sonho, quantos meninos teriam vivido suas realidades plenas. Porque se fosse apenas um sonho a guerra, seria uma brincadeira a mais num universo de folguedos que aos poucos foram também morrendo por entre as bombas. Esses meninos de berços pobres ou ricos, um dia foram para a escola, jogaram bola na rua, quebraram uma vidraça com o estilingue, tiveram um cão ou um gato como companheiro e sonharam com muitas coisas que lhes eram mágicas e que um dia, assim como uma magia, desapareceram de suas vidas como um encanto quebrado. Do que foram outrora nada mais eram agora. Apenas homens armados lutando neste mundo afora por questões diversas, usando a força, matando para não morrer. Os que sucumbiram deixaram sua dor marcar a ferro o coração de seus entes queridos. Os que regressaram, na maioria das vezes mutilados no corpo e na alma, perderam o sentido da magia de viver. Esses se transformaram em zumbis atormentados pelos pesadelos mais terríveis. Outros viraram heróis e ganharam medalhas para exaltar seus feitos... As guerras nunca tiveram fim e esses meninos continuam por lá, em algum lugar, carregando suas mochilas, suas armas e os seus sonhos. Se a guerra fosse apenas um sonho, esses meninos voltariam para casa sujos, suados e exaustos, assim como se regressa depois de um disputado jogo de futebol. Mas eles têm uma missão, muitas vezes dita “de paz”, ainda que seja necessário matar e destruir. Por onde andam e por onde matam, aniquilam também os sonhos de outros meninos, que ficam em meio ao fogo cruzado observando sua gente padecer e vendo a terra ganhar um rio vermelho de sangue.
Sonhos que se perdem em batalhas! Meninos que brincam de dominar o mundo e que se transformam em perigosas feras. Se a guerra fosse um pesadelo, todos os meninos, de todas as partes, acordariam no meio da noite em sobressalto. As batidas de seus corações estariam aceleradas e eles jamais iriam desejar pegar numa arma para matar um semelhante. Mas o mundo dos homens não gira em torno dos sonhos. Ideais obscuros os fazem digladiar a todo instante e colocam a humanidade em pânico, porque agora, as bombas são avassaladoras e ninguém sabe ao certo o que se passa na cabeça de um menino atormentado. Se a guerra fosse apenas e tão somente coisa de cinema, talvez ninguém perdesse seu tempo para assistir algo tão sem graça. Mas o cinema é a própria guerra refletida num mundo de sonhos e de valentes heróis. Ah! Se esses meninos pudessem brincar com seus aviõezinhos livremente, imaginando acrobacias mil, com a cara exposta ao vento e o coração distante de todo e qualquer tormento. Ah! Se as guerras tivessem definitivamente um fim! Esses meninos continuariam seus folguedos inocentes na espera do futuro, da realização de seus sonhos, de uma vida de paz. Mas a guerra não é um sonho! O pesadelo da guerra não se trata de uma confusão mental. A guerra assola a humanidade espalhando sempre mais ódio! E os meninos lá se vão para nunca mais voltar. Um dia, quando a paz é supostamente sacramentada, eles recebem flores em seus túmulos desconhecidos. E serão para todo o sempre nada mais do que meninos que um dia tiveram sonhos.
( Pedro Brasil Júnior )
- S.J.Pinhais – 11/março-2009 -
Publicado originalmente na Usina de Letras - http://www.usinadeletras.com.br/
*Foto 1 - Soldado com avião -extraída da Internet. Infelizmente não foi possível dar créditos ao autor por não constar. Solicito ao autor ou a quem o conheça se manifestar para a devida correção e relato a respeito do magnífico flagrante.
Foto 2 - Warren Zinn - The Washington Post

sábado, 7 de março de 2009

PALAVRAS AO VENTO

Num rápido descuido, derrubei minha bandeja repleta de palavras. Todas ao chão num emaranhado de frases desfeitas. Línguas estranhas ali escritas e à espera de uma tradução convincente. Pasmo, fiquei diante de minhas palavras tentando entender como seria possível reuni-las outra vez no formato do meu longo texto de vida. Mas o que importaria agora tamanha preocupação? De que adiantaria minha tentativa de montar aquele complicado quebra-cabeças? Tratei apenas de juntar minhas palavras e depois as deixei em minha bandeja num descanso que poderia ser eterno. Recordo de ter apanhado com as mãos firmes, palavras com o mais puro sentido de paixão, de amor, de felicidade, de lágrimas, de dores confusas e passadas e muitas outras que simplesmente expressavam essas agruras do dia após dia. Peguei-me tentando depois formar alguma frase de efeito, totalmente sem defeito, no sentido mais perfeito da essência vinda do meu peito. A frase não se formou, porque minhas palavras estavam emaranhadas e a essência decidiu ir passear com a inspiração. De certo voltariam logo e assim, eu iria poder reformular meu texto, impactar minhas frases e escolher as palavras certas para as expressões mais contundentes. A noite emoldurou-se num enorme quadro-negro cujas escritas eram apenas e tão somente estrelas cintilantes. Cada uma delas, uma palavra. E todas reunidas no firmamento numa única constelação escreveram sim, todas as possibilidades que estão lá no fundo da alma. Palavras então são um mero acaso do gesto de escrever. A bem da verdade, já nasceram por lá, prontinhas e decididas a unirem-se em frases que desenham a existência e finalmente, decidem ocupar os palcos da alma para exibir a magnífica coreografia da vida que neste exato momento se traduz em pura poesia. Soprei agora mesmo minhas palavras ao vento e todas bateram suas asas como um bando de andorinhas felizes a escrever qualquer coisa na imensidão azul do céu. *Pedro Brasil Jr - S.J.Pinhais - 07/03/2009 Publicado originalmente na Usina de Letras http://www.usinadeletras.com.br/

domingo, 1 de março de 2009

FEVEREIRO POR INTEIRO

Vivi fevereiro por inteiro!... Mais um ao longo da vida. Foram-se os dias chuvosos e os ensolarados trocando seus turnos enquanto nós vagamos vida a fora! Arranca-se a folha do calendário e a companheira imagem de vinte e oito dias ficará só na lembrança. Mais uma herança da foto no fundo da alma. Chegam as contas sorrateiras pelo correio. E lá se vão nossos miúdos e graúdos para contas além. A vida é de sacrifícios e enquanto se trabalha para sobreviver, com certeza deixa-se muito de viver. Vemos o sol muito pouco, porque estamos trancados em nossas salas, grudados no computador para viver o mundo virtual. A vida é rotina tal qual botina apertada. Faz calos, mas a gente continua caminhando. A jornada é sempre longa e parece que o destino nunca chega. Mas podemos sim, dar um abraço apertado, ofertar um sorriso franco, estender a mão verdadeiramente, caminhar descalço sobre a grama e quando o tempo permite, trilhar pelos bosques e caminhar despreocupadamente pelas areias de uma praia. Talvez seja muito pouco! O calendário e o relógio são senhores absolutos. Mas quem somos nós? Escravos do tempo e da folhinha? Perca-se em seus afazeres! Mas encontre-se em você mesmo, dividindo o tempo, deixando de lado o batente para colocar em prática a salutar arte de viver. Corra, solte pipa, jogue bola, passeie com o cachorro, ande de bicicleta, plante uma árvore, ouça música, escreva uma carta, mande um cartão de verdade, telefone para quem está esquecido, assista um filme de aventura, limpe as gavetas ou então, pegue uma estrada tranqüila e vá ver e viver todo o esplendor da natureza. Vivi fevereiro por inteiro! E já adentra pelo portal este março que promete! Promete tudo isto! Se você transformar o tempo de maneira que se permita viver de verdade. (PBJ) Grato a todos vocês que aqui estiveram ao longo de fevereiro! Felicidades hoje e sempre!