sexta-feira, 26 de novembro de 2010

RACHEL- A SENHORA DAS LETRAS

Uma mulher traça seu destino pelo Caminho de Pedras e entre idas e vindas, se deixa levar pelos encantos das Três Marias até novos encontros. Primeiro com João Miguel e depois com Dora, a Doralina. Seu nome era Rachel, aquela que não gostava de escrever, mas que o fazia só para sobreviver. Quantas palavras emboladas num novelo de histórias compridas, fascinantes e eternas. Palavras que saltitavam de sua inspiração e seguiam, de alguma maneira, aquele Caminho de Pedras tão meticulosamente construído pelos tantos anos vividos.
Palavras que mereceram admiração e que por certo, em muitas madrugadas se misturaram ao canto precioso de um certo Galo de Ouro. Memórias vivas, passagens de uma vida doce-amarga, porque todas as vidas têm, em dados instantes, esses gostos que as impulsionam. Menina ainda, sonhando com um futuro no mundo das fadas. Moça, encarando a dura realidade de estar em meio ao turbilhão de gentes. E pelo seu Caminho de Pedras escreveu ao longo da vida muitas histórias de vida, registrando para sempre tudo aquilo que o avançar do tempo burila em cada um de nós. Senhora absoluta da escrita, com muita honra foi a primeira a ocupar cadeira na academia e isto anunciava novos tempos. Não vou mergulhar em sua história tão longa e fantástica, até porque, sua história está viva pelos diversos portais e impressa em suas famosas obras. Ela, Rachel – a escritora e a repórter. Repórter da alma humana e do cotidiano do mundo que a cercou. Pouco antes da partida, e desta vez para seguir seu Caminho de Pedras rumo à eternidade, crivou o Memorial de Maria Moura, que do livro foi para a telinha da tevê. Evidente que não posso esquecer O Quinze, seu primeiro livro e, portanto, o seu grande portal para uma jornada de absoluto sucesso. Rachel de Queiroz – senhora das nossas letras que escreveu, viveu e, portanto; fez muita história. Lá se vão 100 anos desde que chegou a este mundo em 17 de novembro de 1910. E lá se vão 7 anos desde a sua partida em 04 de novembro de 2003.
A cadeira ficou vazia, a literatura só deu um parêntesis, mas a obra de Rachel segue paralelamente ao nosso tempo, incitando releituras, sugerindo leituras e permitindo a esses aventureiros de suas palavras, dar alguns passos em seu misterioso Caminho de Pedras, por onde ela soube, melhor que ninguém, se transformar em escritora e acima de tudo, em nossa grandiosa Senhora das Letras. (P.B.J)

sábado, 13 de novembro de 2010

HISTÓRIA DE UM CERTO LIVRO DE LEITURAS

Meu primeiro dia na escola foi por certo uma incrível aventura. Na verdade, àquela altura, eu já estava de certo modo na escola fazia algum tempo. Primeira professora, minha irmã Marina, sempre envolvida com seus livros, revistas e recortes sem fim. Esse convívio evidentemente me deu gosto também pelos livros, revistas e alguns recortes bem tortos. Mas o fato é que minha ida para a escola foi apenas a aventura do caminho, porque eu já sabia ler e escrever um pouco. O caminho sim, aquele estradão empoeirado praticamente cercado de eucaliptos em sua extensão por onde a charrete era puxada pelo cavalo. Foram tantas idas e vindas... Mas e escola estava lá com sua aparente imponência e aquela criançada em centenas, coisa que eu até então não tinha nunca visto. De guarda-pó branco e com óculos para corrigir um desvio na visão, se fosse hoje, acho que eu seria um autêntico Nerd. A primeira professora da escola, Aydêe Cherobim Comin e o primeiro professor, Reinaldo Lourenço. Foi com eles que meu aprendizado seguiu, entre cadernos, cartilha, livros e folguedos de recreio. O tempo se foi...O Grupo Escolar General David Carneiro ficou para trás, assim como muitas lembranças de uma Palmeira praticamente ainda, na época, um pedaço do Brasil Império. Mas se as lembranças vão para a mente e o coração, o meu livro de leitura, Alvorada, o primeiro, ficou bem guardado por aqui. Simples e com textos bem selecionados, o livro de leitura e interpretação de textos de então era algo fantástico e simples pra mim. Recordo que a ordem da professora era que só se poderia ler os textos na medida em que as aulas sobre os mesmos avançassem. Me daria muito mal, mas...em dois dias li tudinho! O interessante hoje, é que o meu livro continua com a mesma capa plastificada que minha irmã se encarregou de fazer na época e com seus recortes, ainda está lá a figura de um menino e seu cãozinho. O garoto segura alguns jornais e talvez a sugestão tenha sido um tanto oportuna ou visionária. Não nego minha paixão pelos cães e muito menos pelos jornais.... Quando partimos naquele 1965, uma vida pacata e tranqüila ficaria para trás e abrir-se-ia um novo tempo, com nova escola, novos amigos e novas surpresas... Não foi pra menos que em minha caderneta e neste livro, o professor Reinaldo fez questão de grifar algumas palavras. Como se observa, não se trata de mais um livro de estudos, mas sim de um livro que diz tudo, desde sua capa criada pela sensibilidade de minha irmã, passando pelo seu conteúdo que reúne nomes hoje, a maioria desconhecidos mas acima de tudo, pela sua fiel companhia ao longo desses 45 anos onde minha aventura de vida sempre foi esplêndida. Preservo a obra por se tratar do meu “diário de bordo” nessa aventura de vida, de aprendizado, de escritos que me surpreendem, de imagens gravadas na alma, de pessoas inesquecíveis e de sonhos que ainda latejam nos confins do meu âmago. O estradão de outrora ainda me faz parar no tempo para recordar as idas e vindas, inclusive uma das quais a pé, pelo meio do estradão, porque nas beiradas, as cobras ficavam à espreita e ainda que com o coração pulando, com os ouvidos recebendo o chacoalhar do guizo de uma cascavel, lá me fui, heróico menino no que foi, com toda certeza a primeira aventura de coragem, para desespero de minha mãe e claro, um certo orgulho de meu pai. Divido assim com estas palavras este relato de uma passagem que simplesmente envolve um livro antigo de estudos, que preserva em suas páginas amareladas aqueles textos e poesias de gente que viveu suas aventuras também e que com elas ou através delas, ajudaram a abrir alguns caminhos por onde pude seguir sempre ao encontro das palavras, neste imenso quebra-cabeça de frases soltas que ao final, produzem uma nova história de existir. A seguir, reproduzo um dos textos contidos no meu livro. Cena da roça O sol descamba orgulhoso, Por trás do cerro altaneiro... Ouve-se, ao longe, o tropeiro Soltar um canto saudoso. Um cão de pelo lustroso Fareja, alegre, ligeiro, O dono, um moço trigueiro, Que anda a caçar, descuidoso. Da horta, abrindo a cancela, Surge o bom velho, sorrindo, Ao ver a neta à janela. O dia à noite se unindo... À luz do sol, uma estrela... Que quadro aquele tão lindo! Julieta de Mello Monteiro (1863-1928)
Escritora e editora, natural de Porto Alegre (RS). Fundou o periódico “O Corymbo”, primeiro da imprensa feminina no sul do país, em 1885. Além de colaborar para outros periódicos, escreveu poesias e contos, e criou ainda, a revista A Violeta. Pertenceu a Sociedade Paternon Literário.

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CÓDIGO DOS ÍNDIOS AMERICANOS

1 - Levante com o Sol para orar. Ore sozinho. Ore com freqüência. O Grande Espírito o escutará se você, ao menos, falar. 2 - Seja tolerante com aqueles que estão perdidos no caminho. A ignorância, o convencimento, a raiva, o ciúme e a avareza originam-se de uma alma perdida. Ore para que eles encontrem o caminho do Grande Espírito. 3 - Procure conhecer-se, por si próprio. Não permita que outros façam seu caminho por você. É sua estrada e somente sua. Outros podem andar ao seu lado, mas ninguém pode andar por você. 4 - Trate os convidados em seu lar com muita consideração. Sirva-lhes o melhor alimento, a melhor cama e trate-os com respeito e honra. 5 - Não tome o que não é seu. Seja de uma pessoa, da comunidade, da natureza ou da cultura. Se não foi ganho nem foi dado, não é seu. 6 - Respeite todas as coisas que foram colocadas sobre a Terra. Sejam elas pessoas, plantas ou animais. 7 - Respeite os pensamentos, os desejos e as palavras das pessoas. Nunca interrompa os outros nem ridicularize, nem rudemente os imite. Permita a cada pessoa o direito de expressão pessoal. 8 - Nunca fale dos outros de uma maneira má. A energia negativa que você coloca para fora, no Universo, voltará multiplicada a você. 9 - Todas as pessoas cometem erros. E todos os erros podem ser perdoados. 10 - Pensamentos maus causam doenças da mente, do corpo e do espírito. Pratique o otimismo. 11 - A Natureza não é para nós, ela é parte de nós. Toda a natureza faz parte da nossa família Terrena. 12 - As crianças são as sementes do nosso futuro. Plante amor nos seus corações e ágüe com sabedoria e lição de vida. Quando estiverem crescendo, dê-lhes espaço para que cresçam. 13 - Evite machucar os corações das pessoas. O veneno da dor causada a outros retornará a você. 14 - Seja sincero e verdadeiro em todas as situações. A honestidade é o grande teste para a nossa herança do Universo. 15 - Mantenha-se equilibrado. Seu mental, seu espiritual, seu emocional e seu físico, todos necessitam ser fortes, puros e saudáveis. Trabalhe o seu físico para fortalecer a sua mente. Enriqueça o seu espírito para curar o seu emocional. 16 - Tome decisões conscientes de como você será e como reagirá. Seja responsável por suas próprias ações. 17 - Respeite a privacidade e o espaço pessoal dos outros. Não toque as propriedades pessoais de outras pessoas, especialmente objetos religiosos e sagrados. Isso é proibido. 18 - Comece sendo verdadeiro consigo mesmo. Se você não puder nutrir e ajudar a si mesmo, você não poderá nutrir e ajudar os outros. 19 - Respeite outras crenças religiosas. Não force suas crenças sobre os outros. 20 - Compartilhe sua boa fortuna com os outros. Participe com caridade. Extraído do livro "O Sucesso está no Equilíbrio", de Robert Wong.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

ECOAM NO ESPAÇO OS LATIDOS DE FLETCHER

Ele apareceu por um desses acasos que a vida proporciona. Chegou miudinho, quase como um bichinho de pelúcia. Sua vinda deu-se em função de que na época, meu cachorro Alf, embora com uma tentativa, não pode ficar comigo na casa de minha irmã. Alf era bravo e, além disso, um ambiente diferente do que estava acostumado também não seria o ideal. Assim, minha irmã decidiu me presentear com um novo parceiro e foi o que aconteceu há mais de 16 anos. De bate - pronto lhe dei o nome de Fletcher e assim, ele viveu ali por estes longos 16 anos e 8 meses, sempre dono do território, dividindo espaço, primeiramente com a fêmea pastora “Star” e depois, com a fêmea pastora “Tifany” e mais recentemente com o esguio “Marley”. Fletcher superou as expectativas, já que a maioria dos cães parte muito antes dos 12 anos de vida. Primeiro era Fletcher, que ganhou o apelido de “Fletico”, depois de “Lico” e mais recentemente, carinhosamente de “velhinho”. Já andava meio ranzinza, o que é natural e de repente, lá se foi o nosso Fletcher para o mundo dos cães em outra dimensão. Deixou saudades! Muitas saudades afinal, 16 anos refletem uma longa jornada de vida e é claro que a partir de agora, a rua ficou um pouco mais vazia sem a sua presença e um pouco mais silenciosa sem os seus latidos de praxe. Os cães chegam e se vão muito cedo! Chegam e nos cativam por serem como uma bola de algodão e depois, porque passam a integrar a família do jeito que melhor lhes compete. A fidelidade, o carinho, o amor incondicional que aliás; muitos de nós precisamos aprender como realmente funciona. Mas Fletcher (o fabricante de flechas) passou por aqui, deixou suas marcas, viveu suas dores, curtiu alguns momentos de solidão, sorriu com o balançar do rabo e lançou ao espaço uma canção toda sua, pelas notas graves e agudas de seu latido que ora ecoa pelo espaço. Que o bom Deus lhe dê um confortante lugar por onde estiver e que o “Fletico” saiba que nós, todos nós, sentiremos muito a sua ausência e o levaremos conosco em lugar sempre especial no coração.(P.B.J)