quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

O PESO DA ALMA

"Minha alma tem o peso da luz. Tem o peso da música. Tem o peso da palavra nunca dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança. Tem o peso de uma saudade. Tem o peso de um olhar. Pesa como pesa uma ausência. E a lágrima que não se chorou. Tem o imaterial peso da solidão no meio de outros." -Clarice Lispector-

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

CAMINHADAS

Caminhadas - Pedro Brasil Jr -
Vamos todos indo aos poucos... Não sabemos bem ao certo para onde! Uns para casa se vão, outros para o trabalho! Alguns desviam a rota para fazer parada no bar. Outros fazem parada só para ver a grandeza do mar. E eu? Fico olhando distante a imensidão do céu! Para lá das nuvens, bem para lá do azulão o Universo se expande. Nem sei se posso afirmar se aquilo tudo é a distância. Porque para onde tudo caminha nós também vamos, integrados nesta trajetória infinita, tão insólita, tão bonita. Aqui, em nossas ruelas de vida, estradas de aventuras, atalhos de malandragem, fazemos de qualquer passada um rumo. O pior é que muitos não sabem o próprio rumo. Vivem fora do prumo, se debatendo nas vidraças da existência como moscas desesperadas. É tempo ainda de repensar o caminho, antes que o fantasma das aranhas famintas acabe com as mínimas pitadas de sonhos. Vamos sim, todos indo aos poucos pelo espaço afora. Não sabemos mesmo bem ao certo para onde. Mas podemos, cada um a seu modo, regressar em paz ao maior reino: nossa casa! E às nossas maiores conquistas: o trabalho, a família, a tranqüilidade que só faz a vida ou seu modo de ser, valer muito a pena!
Curitiba- 19/01/2011 *Publicado originalmente na Usina de Letras http://www.usinadeletras.com.br/

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

CACHORRO DE LUZ

meiguice no olhar certeza no coração este é o cachorro no meio de tanta água no meio de tanta lama tudo era reviravolta desastre que se esparrama mas o cachorro Leão só seguiu seu coração permaneceu com quem ama

* Por Clarice Villac - em 18/01/2011

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

O CARTÃO DA SEMANA

Cartões existem vários, para os momentos especiais que circundam nossas vidas. Cartões de visita, para que possiveis clientes lembrem-se da gente. Cartões telefônicos, quando o celular está sem crédito ou com bateria arriada. Cartões-postais, que a gente manda pra bem longe só para contar através da imagem aonde conseguimos ir. Cartões de batizado, para festejar mais um nome, mais um cristão. Cartões de casamento, para exaltar uma decisão cada vez mais dificil. Cartões de Páscoa, para celebrar a Ressureição. Cartões de Natal, para comemorar o nascimento do Cristo. Cartão amarelo, para todas as faltas dentro do campo. Fora também! Cartão vermelho, para expulsar a agressividade, o ódio, a desportividade. Aqui fora a gente também deve usar. Enfim; são tantos cartões que quase esqueci os de aniversário! Se você celebrar o seu, me convide para a festa... E porque não enviar um cartão semanal? Só para dizer que a gente lembrou dos amigos, dos colegas, dos parceiros, dos familiares e até dos inimigos. Vai que numa dessa se tornam amigos? Mas vai com cautela né? Assim, deixo aqui um primeiro cartão da semana, prometendo tentar, dentro do que o tempo me permitir, deixar aqui um novo a cada semana ou duas. O que vai valer é a boa vontade e, acima de tudo, a mensagem. Uma grande semana a todos vocês que vieram até aqui. Para quem não veio também!
(Pedro Brasil Jr)

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O TALENTO DOS EXCLUÍDOS

Você pode fugir da agitação de uma grande cidade e se mandar para uma dessas cidadezinhas do interior onde aparentemente reina a tranqüilidade. Pode ser até verdade, mas você encontrará por lá uma figura típica de todas as partes, de todas as cidades, que a cada dia aumentam em número principalmente nos grandes centros. Os mendigos! Na verdade; você encontrará também os “cães mendigos”, aqueles que também foram abandonados à própria sorte. É verdade que no caso dos mendigos a história é muito diferente, até porque, cada um tem sua própria escrita e porque não dizer: um talento escondido nos melindres de suas solidões tão avassaladoras. Tenho certeza de que você, nem que tenha sido uma única vez na vida, já deu umas moedinhas ou um prato de comida a qualquer um desses indivíduos que compõe o cenário de uma sociedade de consumo voraz. Nós sabemos que eles também são gente! Mas vergonhosamente ganharam o título de “indigente”. Talvez ser um “indigente” tenha muita diferença de ser “gente”, embora a realidade diga justamente o contrário. Talvez você nunca tenha conversado com um mendigo, porque em principio, é melhor dar uma moeda e se ver livre daquele chato esfarrapado. Muitas vezes isto acontece porque mendigos, em grande parte, utilizam a cachaça, quando conseguem, para amenizar a fome e suas dores físicas. Já as dores espirituais.... Alguém tenho certeza, sabe explicar muito bem o que ocorre. Pelo pouco que sei ou entendo, o mundo, esta imensa bola que gira constantemente no Cosmos é um ponto da passagem de nós humanos em busca de uma evolução espiritual. As tentações são muitas e na maioria dos casos, as pessoas passam e não conseguem atingir os objetivos evolutivos. Dizem que depois da morte, regressam para corrigir suas falhas e erros e muitos acabam voltando em condições subumanas para assim, poderem conquistar um novo degrau nesta evolução. Talvez seja por isto que vemos muitos homens e mulheres puxando pelas ruas aqueles carrinhos abarrotados de papelão e sucatas diversas, os puxando com o máximo das forças que detém como se fossem animais de tração. Já ouvi dizer que em outra ou outras vidas, foram indivíduos que maltrataram animais dessa finalidade. Também os mendigos, dizem, foram em outra existência homens ricos e poderosos, que fizeram do dinheiro o passaporte para todas as maledicências possíveis e assim, voltam em condições completamente adversas. Se é verdade ou se faz sentido, não posso afirmar. Mas sinto que esses homens e mulheres que dormem nas ruas, seja debaixo das marquises, nos bancos das praças, debaixo de pontes enfim, são na verdade os maiores excluídos de todas as sociedades capitalistas, principalmente, porque nós não temos tempo a perder com eles, não nos importam como humanos capazes e o que os governos fazem em benefício deles é muito pouco. Já vi receberem em noites frias, cobertores e sopas para amenizar o sofrimento. E também sei que em várias cidades, muitos são levados para albergues. Além disso, as ações de particulares muito contribuem para que os ditos mendigos possam se sentir um pouco mais humanos. A palavra que repica em minha mente é: HUMANIDADE! A humanidade me parece ser uma verdadeira loucura, considerando que neste mundo de humanos, as desigualdades são tantas que milhões, em todas as partes vivem em condições muito abaixo de qualquer linha dita de pobreza. Pior ainda é a pobreza de espírito que se espalha no planeta e que dorme sorrateira no interior dos cofres dos mais abastados. Você certamente se pergunta ou me pergunta: o que fazer então? Se puder pergunte também: por que temos tantos mendigos pelas ruas? A resposta é simples e ao mesmo tempo difícil. Simples porque essa gente esquecida ou colocada à margem precisa é de OPORTUNIDADE. Oportunidade para se reintegrarem à sociedade como “gente”. Mas quem lhes oferece oportunidades? Vemos em programas de televisão de variedades ou noticiários, os assuntos de pauta normal. Às vezes algum editor recebe uma inspiração e faz algo diferente, embora não seja aquilo com que o público esteja acostumado. Mas é raro a gente ver uma matéria que envolva os mendigos, que se abram as câmeras e microfones para ouvir o que tem a dizer. Preciso dizer algo mais? Pois bem; o que me levou a escrever sobre isto hoje foi a noticia sobre “o mendigo da voz de ouro”, que acabou sendo detido num hotel em Los Angeles porque discutia em voz alta com uma de suas filhas. Se fosse aqui hein? Faltaria cadeia! Mas seguindo... o mendigo detido, depois liberado é Ted Williams (tem nome de político) , que estava já há 10 anos pelas ruas esmolando. De repente alguém descobriu o seu vozeirão, gravou um vídeo e colocou na Internet. Pronto! Virou o maior sucesso depois de mais 11 milhões de visitas e o agora ex-mendigo está com vida nova, porque foi levado a diversos programas de televisão, visitou o time do Los Angeles Lakers e já recebeu propostas de trabalho, entre elas, uma participação num filme de Jack Nicholson. Também já se transformou na voz da nova campanha publicitária da Rede MSNBC e da empresa Kraft e estuda uma oferta do time de basquete Cleveland Cavaliers para se transformar na sua voz oficial. Acha pouco? Ted já é cogitado para um arrojado projeto em emissoras da Rádio Columbus. Em suma: o cara era mendigo e de repente o poder de sua voz (aquele talento escondido) vem à tona e o “indigente” passa a ser “gente importante” e cobiçada. Tem dinheiro ai? Óbvio; é ele que desperta o interesse e cria aquela OPORTUNIDADE da qual falei no começo do artigo. Que assim seja; mas que de repente, em todas as partes comecemos a olhar mais atentamente a esses excluídos afinal de contas; e você pode apostar nisso, cada um deles tem capacidade de fazer alguma coisa e de contribuir para com o desenvolvimento de toda a sociedade. É hora de se pensar seriamente no assunto!