sexta-feira, 13 de setembro de 2013

MENINO DO MATO


Os versos que nunca existiram ...

               - Lucas Castelo-

Sentado na escrivaninha e escrevendo
Me embriago de ideias

Me perco no horizonte do papel
Sujo minhas mãos de tinta, de sangue azul
Escrevo clichês de uma vida
E escondo os verdadeiros poemas
Nas palavras que não escrevi
E assim me dito e me faço Poeta ordinário
Desenhando em versos que nunca existiram
O desenho imperfeito da vida
Me faço poeta enfim
Mesmo que imaginário 

terça-feira, 9 de abril de 2013

O BRECHÓ DO PRADO VELHO

De repente um ranger de porta... Em seguida passos arrastados como num belo dia muito distante nos tempos de minha infância. Recordo da casa velha de madeira na Rua Reinaldo Machado no Prado Velho, onde minha mãe e minha irmã às vezes iam visitar a idosa senhora que mantinha no rosto sempre um largo sorriso. O assoalho sempre era tomado pela areia que as pessoas traziam junto aos sapatos e aquele arrastar de pés incomodava, de certo modo, a dentição da gente. Portas antigas com fechaduras ainda do século dezenove, rangiam cada vez que alguém por elas passava. Talvez fossem aqueles rangidos, ecos de um passado repleto de histórias naquela casa que eu acredito, fosse quase centenária. O cheiro de naftalina tomava conta do ar. Acho que eram tantas que nem mesmo a mais forte das baratas e das traças conseguiria suportar aquele clima. Lembro que havia ao redor de uma sala enorme, centenas de cabides com roupas de todos os tipos, tanto femininas, quanto masculinas e muitas infantis. Também havia cestos de vime repletos de sapatos, todos já cansados pelo uso, mas dispostos a agasalhar outros pés para novas jornadas. 
Era sim um brechó! 
Talvez naquele final dos anos sessenta, o único que existia pela região. Simpaticamente, a idosa sorridente ia atendendo os clientes, a maioria vizinhos da região que, se não compravam nada, jogavam muita conversa fora regada a um chá aromático que espantava um pouco o cheiro da naftalina. As conversas geralmente eram sobre doenças que acometiam várias pessoas ou de outras que já tinham partido desta para melhor. Em meu universo infantil, tudo o que eu mais queria era sair logo dali para ir de encontro aos meus folguedos. Mas naqueles tempos, obedecer as ordens da mãe era questão de honra, senão depois, a cinta, o chinelo ou a vara de marmelo comiam soltos. Dessa maneira, ficava eu sentado e encolhido num canto observando a movimentação e a ladainha enquanto meus olhos também se detinham, ás vezes, nos mais variados chapéus e paletós distribuídos estrategicamente para uma possível venda. De uma das janelas da velha casa, dava para ver parte da rua, e do outro lado, casas tão antigas quanto aquela resguardavam outros tipos de vida. Havia um chalé onde um gato dormia tranquilo numa coluna lateral ao muro de pedras.
Noutra, uma senhora partia lenha no quintal enquanto o vento fazia dançar a ventoinha da chaminé do fogão à lenha. Saudades que tenho do fogão à lenha de nossa casa, com café sempre quentinho e a casa na temperatura ideal. E ali naquele pedaço de mundo, olhando pela janela, eu poderia seguir descrevendo cenas mil enquanto o tempo não passava e minha mãe aceitava mais um chá. Foram poucas as ocasiões em que vivenciei isto, mas confesso hoje, depois de tantas décadas, que ali, naquela casa velha, com suas portas a ranger, havia algo mais do que as roupas velhas de um brechó, do que o sorriso da simpática idosa, do que o aroma do chá ou ainda, daquele quadro em constante movimento, que era uma simples janela de madeira com suas venezianas verdes que, ao cair da noite, encerravam lá dentro os sonhos, as conversas e as histórias de vida daquela senhora sempre ativa e sorridente.

É quase certo que em suas noites solitárias, algumas poesias escapuliam dos bolsos daqueles paletós antigos e vinham embalar seus sonhos enquanto as paredes executavam uma estranha canção entre estalos esporádicos.    
Curitiba - 09 abril- 2013- 18h20min

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

JOANNA DE ÂNGELIS- MÁRTIR DA INDEPENDÊNCIA

Há 190 anos uma mulher forte e determinada entregava heroicamente sua vida para resguardar a segurança de suas protegidas num convento. Soror Joana Angélica, religiosa da Ordem das Reformadas de Nossa Senhora da Conceição foi também heroína da Independência do Brasil. Nascida em 11 de dezembro de 1761, em Salvador/BA, entrou para o noviciado no Convento de Nossa Senhora da Lapa em 1782, pronunciando os votos um ano depois. 
No período de 1798 a 1801, exerceu diversos cargos burocráticos na comunidade, assumindo funções de vigária e sendo conduzida ao posto de conselheira em 1809. 
Eleita abadessa em 1814, esteve à frente do convento até 1817, sendo reeleita três anos mais tarde. Sabe-se, através de alguns registros, que em 7 de setembro de 1822, no Ipiranga-SP, D. Pedro I proclamava a Independência do Brasil, separando-o de Portugal. 
Ao mesmo tempo, na Bahia, as tropas portuguesas comandadas pelo Brigadeiro Inácio Luis Madeira de Melo, resistiram tenazmente às forças aliadas a D. Pedro I.
Durante as lutas pela Independência, os soldados portugueses invadiram o Convento de Nossa Senhora da Lapa em 19 de fevereiro de 1823. 
Soror Joana Angélica não se intimidou diante a ameça de invasão e ficou na porta do convento, intimidando os homens com a cruz alçada, pedindo que não profanassem o abrigo de suas protegidas. 
Resistiu o quanto pode e em seguida foi ataca a golpes de baioneta. Com o seu martírio, deu tempo às internas de escaparem, refugiando-se no Convento da Soledade enquanto ela recebia socorros que somente lhe permitiram viver algumas poucas horas. 
Tombando numa luta pelos ideais de liberdade, Soror Joana Angélica tornou-se Mártir da Independência do Brasil e, nos caminhos da espiritualidade, como Joanna de Ângelis, prossegue sua missão de luz como verdadeira Amiga e Benfeitora, sempre irradiando profundas mensagens do Evangelho. 

Dentre tantas, destacamos:
 “Nada no Universo ocorre como fenômeno caótico, resultado de alguma desordem que nele predomine. O que parece casual, destrutivo, é sempre efeito de uma programação transcendente, que objetiva a ordem, a harmonia. De igual maneira, nos destinos humanos sempre vige a Lei de Causa e Efeito, como responsável legitima por todas as ocorrências, por mais diversificadas apresentem-se. O Espírito progride através das experiências que lhe facultam desenvolver o conhecimento intelectual enquanto lapida as impurezas morais primitivas, transformando-as em emoções relevantes e libertadoras.”

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

A QUEM INTERESSAR POSSA


O ALERTA
- Pedro Brasil Jr -
O alerta na forma de fragmentos incandescentes! 
Nossa grande nave-mãe singra pela imensidão e nós, cada vez mais tão insignificantes como um grão de areia, seguimos aqui nos achando senhores absolutos da Terra. 
Temos os poderes atômicos, os poderes econômicos, as diferenças raciais, sociais e culturais e, cada vez mais, assistimos um mundo mais perverso, mais selvagem, mais desigual e com a destruição e a violência, a cada dia, mais se apropriando da nossa mente e da nossa realidade. 
O alerta na forma de fragmentos nos leva a crer na realidade que nos cerca há milhões de anos e que por inúmeras vezes, já causou mudanças radicais em todo o planeta.
 A Terra urra com sua dor causada pela destruição do homem que implacavelmente já esqueceu quem é, não sabe para que veio e pasmem; não pode nem ao menos prever para onde irá.
 O cosmos em seu perfeito sincronismo nos reserva surpresas e eis que aqui e agora, muitos se agarram à profecias variadas enquanto outros gritam pelo nome de Deus. 
A Terra segue sua jornada, os homens caminham indiferentes à ela e o futuro, parece um barril de pólvora, que pode explodir aqui por causa das guerras, ou porque gigantescos fragmentos perdidos pelo espaço, um dia poderão por fim a tudo o que já pensamos ter construído. 
Apesar disso, ainda é tempo de se redescobrir a raça humana, o verdadeiro homem racional e construir um planeta embasado na Paz, na União, na Solidariedade e acima de tudo, no Amor. No verdadeiro Amor!
                                                                                 (São José dos Pinhais, 15/02/2013)