terça-feira, 15 de dezembro de 2009

UMA PALAVRA QUE DIGA TUDO

Eu vou escrever pra você!... Não importa quem você é e nem onde esteja. Minhas palavras vão viajar ao acaso... Talvez eu coloque minha mensagem dentro de uma garrafa e a solte aos encargos do oceano. Que ela então percorra livre e solta os sete mares até que um dia você, casualmente a encontre estacionada nas areias de uma praia qualquer. Ali será o grande e único paraíso. Nem que seja por apenas um pequeno e significativo momento. Mas será por certo um instante mágico e inesquecível. Eu não poderei ver a tua surpresa e nem o encanto dos teus olhos quando ler o que escrevo agora. Mas meu coração estará por ai, palpitando e sentindo de certa forma esse momento que acabo de criar só para fugir a todas as convenções. Eu espero que minhas palavras possam dizer a você qualquer coisa que te faça parar no tempo. Qualquer coisa que te permita fazer o mundo parar. Qualquer coisa que te permita fazer com que o universo todo pare por uma simples fração de segundo. E será justamente neste momento único que minha alma chegará à tua e ainda que possa parecer um nada dentro do tempo, tenho certeza de que será uma inesquecível eternidade. Você se perguntará que motivos levaram alguém a escrever algo sem nexo, um tanto complexo e deixar navegar ao léu das ondas. Você poderá rir ou chorar. Dependerá justamente do momento em que acontecer este encontro. Mas eu quero que você saiba que não sou louco e nem tampouco o único a ter feito isto. Muitas garrafas ainda circulam pelos mares carregando suas mensagens. E muitas dessas mensagens também buscam um olhar verdadeiro, um toque preciso, uma leitura silenciosa e profunda, um sorriso ou uma lágrima e, acima de tudo, uma alma capaz de compreender que aquelas palavras são as asas de um viajante meio pássaro, meio anjo na desenfreada busca por alguém que, de alguma maneira possa entender que em algum lugar do universo habita um coração ansioso por uma palavra que diga tudo, por um sorriso que abra os portais dos céus, por um abraço que acolha toda a essência e por um olhar que transcenda o infinito e que assim, possa também bater suas asas numa parceria em que a distância deixará de ser empecilho, que para entrelaçar as mãos bastará apenas um toque numa estrela e que o encontro seja uma grande explosão de cores formando uma nova galáxia que, por incrível que pareça, cabe agora, todinha em minha mensagem dentro dessa garrafa com destino incerto, mas que eu tenho certeza, chegará às tuas mãos quando a luz da estrela mais distante tocar, sem que você perceba, a tua face meiga durante um desses passeios numa praia qualquer... Porque ali será o único e grande paraíso!
(PEDRO BRASIL JUNIOR)
-São José dos Pinhais – 12/12/2009 – 01h47min-
*Publicado originalmente na Usina de Letras

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SÓ UM LEMBRETE DO QUINTANA

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê, já passaram-se 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado. Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas. Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
(Mário Quintana)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

POR QUE O MAL NÃO EXISTE?

Alemanha - Inicio do século 20 Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta: “Deus criou tudo o que existe?" Um aluno respondeu valentemente: Sim, Ele criou… Deus criou tudo? Perguntou novamente o professor. Sim senhor, respondeu o jovem. O professor respondeu, “Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?" O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era um mito. Outro estudante levantou a mão e disse: Posso fazer uma pergunta, professor? Lógico, foi a resposta do professor. O jovem ficou de pé e perguntou: professor, o frio existe? Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio? O rapaz respondeu:" De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor" E, existe a escuridão? Continuou o estudante. O professor respondeu: Existe. O estudante respondeu: Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. “A luz pode-se estudar, a escuridão não! Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não! Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim? Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente” Finalmente, o jovem perguntou ao professor: Senhor, o mal existe? O professor respondeu: Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal. E o estudante respondeu: O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz. Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado… Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome. E ele respondeu: ALBERT EINSTEIN.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O CAÇADOR DE BORBOLETAS

O relógio tem o poder de dividir os dias em horas, mas felizmente, este senhor absoluto de nossas vidas não pode realmente encarar a força e o poder do tempo. Ao nosso redor, as horas se esvaem como as areias de uma ampulheta e nós, atribuímos aos nossos inventos toda a precisão possível. A seu modo, no entanto, a natureza segue silenciosa em sua eterna oração aos céus e enquanto isto, o tempo carrega suas ferramentas mais preciosas e a tudo transforma com um talento invejável. Para não criar confusões, ele, o tempo, definiu suas atribuições em quatro estações apenas, onde sua passagem e sua parada é sempre marcante e recheada de mistérios que a maioria dos homens desconhece. Tudo o tempo todo ao nosso redor está em constante movimento e sincronia, mesmo que nós, através de nossa racionalidade, deixemos de perceber. Nós mesmos estamos a cada segundo celebrando transformações interiores significativas e a maioria delas acontece sem que nada possamos sentir de fato e de direito. Ouvi alguém dizer não faz tanto tempo, que “envelhecer é obrigatório, crescer é opcional”. Confesso que fiquei constrangido diante de uma frase tão pequena, mas cujo alcance ultrapassa as mais longínquas distâncias da nossa pequena Via Láctea. Não a menosprezo quando lhe digo “pequena”, afinal de contas, o Universo é tão grande que realmente não podemos contestar a maior de todas as verdades: nós somos, cada um, um ínfimo grão de areia dentro desse incomparável conjunto criado por uma essência maior, cuja sabedoria lhe permitiu oferecer tantas maravilhas. Para cuidar disso tudo, nomeou o Tempo como seu fiel capataz e este, implacável, segue, sabem-se lá a quantos milhões de anos, cumprindo a sua grandiosa missão de transformar tudo e todos e dessa maneira, prover de novidades todas as estações por onde obrigatoriamente passa a cada período específico. Seus feitos e exemplos podem ser observados de várias maneiras, através de todas as ciências, de todas as religiões, de todos os olhares que, por alguma razão percebem “o diferente” ao redor. Talvez o maior exemplo da transformação seja a borboleta, um ser tão frágil e gracioso cujas cores impressionam nosso olhar e cuja sutileza encanta qualquer jardim, em qualquer lugar do mundo. A lagarta ordinária move-se lentamente por entre as ramagens, sofrida, ameaçada e completamente imperceptível. Sua vida é rastejar humilde e comer folhas o tempo todo. Ela lembra muitos homens que um dia foram “lagartas” e que depois, com muita força de vontade conseguiram ganhar asas e dar seus altos vôos. A lagarta cria o seu casulo e se isola nesta solidão implacável e duvidosa, porém, dentro de um tempo específico, ei-la saindo, desabrochando como a flor mais bela e ruflando suas asas coloridas por entre a paisagem. Seu destino: as flores, o néctar, a prontidão de ser agora alguém diferente e que a todos os olhares desperta atenção. O tempo, este artista sorrateiro nos reservou a borboleta para demonstrar o quanto devemos ser gratos pelo que somos, pelo que temos e pelo que podemos fazer para ajudar os outros. Da mesma maneira, através da borboleta, ele nos indica que o Criador nos proveu sim, de uma alma, de um espírito, capaz de promover mudanças em si próprios e a isto, da-se o nome de evolução. Podemos evoluir todo o tempo também, através de nossas atitudes mais simples, através do nosso olhar mais puro e tênue, admirando o que nos cerca e nos dignifica neste majestoso planeta Terra. Outrora, os objetos de coleções eram raros. Refiro-me a uma época muito distante e imagino que naquele tempo, as borboletas eram um desses focos, quando muitos saiam à sua caça para deter espécies diferentes, cruelmente espetadas por um tipo qualquer de alfinete numa madeira leve talvez. A prática durou muito e é provável que ainda hoje existam esses indivíduos insensíveis, que as capturam sem uma razão que vá além do capitalismo. Certa ocasião conheci um homem que tinha, em seu escritório, dois quadros repletos de borboletas de todos os tipos, tamanhos e cores e ele se orgulhava por aquilo. Nesta época, eu ainda dava meus primeiros passos no jornalismo filatélico e foi quando descrevi a ele tudo o que até então eu sabia sobre filatelia e é claro, aproveitei para aguçar o seu desejo através dos selos postais que retratavam borboletas. Nossa conversa repetiu-se, porque ele sentiu que havia cometido vários atos indevidos e tirado dessa maneira a oportunidade daqueles seres alados continuarem a enfeitar a paisagem. Deu um fim em seus quadros de borboletas e em seus apetrechos usados para caçá-las. Soube que as espécies eles doou para um instituto de pesquisas e depois disso, trocou os quadros por brilhantes álbuns de selos onde começou a colecionar todas as borboletas que já conhecia e tantas e tantas outras que nem imaginava existir. A filatelia temática adentrou em sua vida por algum tempo, pois infelizmente o homem, que já tinha idade avançada, acabou falecendo. Mas dentre os selos que tinha em seus dois álbuns, deixou algo escrito: “Passei grande parte da minha vida aniquilando sonhos coloridos. Eu não sabia como as borboletas nasciam. Eu achava que elas apareciam repentinamente. Agora que os selos me fizerem descobrir, agora que já é tão tarde, me permito logo, adentrar em meu casulo. E peço ao Criador que em minha próxima existência, não me dê asas. Que apenas me oferte a oportunidade de voltar com total consciência a respeito de todas as belezas que me cercam e que, portanto, fazem parte da minha própria existência”. - PEDRO BRASIL JUNIOR - Publicado originalmente na Usina de Letras - www.usinadeletras.com.br São José dos Pinhais, 02 de outubro de 2009 – 01h15min

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

UMA DOCE FESTA PARA SÃO COSME E SÃO DAMIÃO

Há quase três décadas as crianças da região do bairro Afonso Pena em São José dos Pinhais, vivem uma data toda especial uma vez a cada ano: é o Dia de São Cosme e São Damião, ocasião em que a Tia Marina reúne a criançada para juntos, dividirem estes momentos de intensa alegria e comemoração. São 27 anos em que este dia envolve muito mais do que a alegria irradiada afinal, são quase quinhentas crianças a cada ano que ali chegam para provar deliciosos bolos, refrigerantes de vários sabores, cachorro-quente e o melhor de tudo: levar consigo um pacotinho com balas, pirulitos, pipoca e uma gama de outras guloseimas que nenhuma criança dispensa. Quando este compromisso teve início, Tia Marina teve no primeiro ano um numero pequeno de crianças, porém, no ano seguinte eles vieram em número surpreendente e encheram o coração dela de mais alegrias ainda. Isto porque também há 27 anos ela deu início ao Natal da Criança Feliz, quando reúne outro contingente de crianças carentes e seus familiares para juntos celebrarem a chegada do Natal. Nesta festa, que acontece geralmente uns três ou quatro dias antes do Natal, Tia Marina distribui, através de apadrinhamentos, brinquedos, roupas, calçados, cestas básicas e promove também várias mesadas com risoto e refrigerante à vontade. Na festa de Cosme e Damião, ela e uma equipe de colaboradores reúnem os doces, distribuem folhetos convidando a criançada e assim, a data é comemorada com muito brilho, não ficando de fora uma oração para a todos abençoar e assim, pedir ao bom Pai para que tudo aquilo se repita no próximo ano. A festa da criançada aconteceu neste domingo, dia 27 de setembro das 14 as 17 horas e lá estavam todos eufóricos mais uma vez. Trabalho é o que não faltou para toda a equipe presente, cada um imbuído de uma missão específica, que sempre envolve os cuidados com a entrada bem organizada para a mesada, os preparativos para os pratos e refrigerantes, a distribuição dos pacotinhos com guloseimas entre outros aspectos. Na festa do Natal tudo se repete, no entanto, desta feita o trabalho é dobrado, porque além da garotada toda reunida e ansiosa para receber os presentes das mãos do Papai Noel, a equipe tem que se desdobrar para organizar os pacotes de acordo com as fichas onde constam os nomes das crianças, dos seus pais, suas idades, numero de roupa e calçado e a entrega da cesta básica para cada família devidamente cadastrada. Mas além do trabalho, Tia Marina tem que batalhar muito para conseguir a ajuda necessária para que todos possam receber seus presentes e assim, passarem um Natal mais feliz. COMO VOCÊ PODE AJUDAR Os preparativos para o Natal da Criança Feliz deste ano já começaram e todas as famílias cadastradas já tiveram suas fichas atualizadas de modo que, crianças recebem presentes até os 12 anos de idade. O mecanismo funciona da seguinte maneira: você apadrinha uma criança, oferecendo uma roupa, um calçado e um brinquedo. Pronto! No Natal vamos ter mais uma criança carente feliz e envolvida no espírito natalino. São atendidas a cada ano aproximadamente 400 crianças oriundas de cerca de 120 famílias carentes que vivem nos bairros da periferia de São José dos Pinhais. A sua ajuda é sempre benvinda e para obter maiores informações, é só fazer contato com a Tia Marina pelo e-mail: mabrasilr@yahoo.com.br – Lembrando a todos que, além de contribuir e fazer uma criança feliz, você também pode participar da festa para comprovar toda a felicidade dessas crianças. Nós aproveitamos o ensejo para transmitir à Tia Marina, em nome de todas as pessoas que sempre colaboram, o nosso carinho e respeito pela sua atitude tão nobre em acolher esses coraçõezinhos e lhes oferecer tamanha alegria e felicidade. Que o seu coração, Tia Marina, prossiga sendo este gigante bondoso que ao longo desses 27 anos vem promovendo tantas alegrias e provando a todos que com um pouquinho de amor, é possível proporcionar tantas alegrias e fazer dessa maneira, com que o mundo seja muito melhor e mais justo.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

AINDA QUE OS SONHOS PASSEM DO PONTO...

Dentre os doze meses do ano, setembro é um dos que mais aprecio, porque ele demarca a chegada da Primavera, por sinal, uma das estações mais belas. É a época em que a vida se renova feita borboleta que sai do casulo e, além disso, as árvores ganham nova roupagem verdejante e muitas delas, apetrechos multicores nas mais variadas formas florais. A cada ano sempre fico atento para esta época maravilhosa e justo agora, quando setembro adentrou pelo calendário, me pego atarefadíssimo em minhas atividades profissionais e nestes últimos quinze dias, sinceramente, não tive como chegar até aqui para registrar as curiosidades, as piadas, as mensagens, os lançamentos de livros, as peças de teatro e tantas outras coisas com as quais a gente interage a cada mês que se esvai. Dentro do que for possível, prometo não dar um espaço tão grande, no entanto, saibam, a todos que interessar que meu dia começou às nove da manhã desta segunda-feira, dia 14 e já estou a uma da manhã deste dia 15, aqui, em frente ao computador traçando estas linhas num esforço que me divide entre o teclado e a cama, que me espera logo ali. Bem; os sonhos podem esperar um cadinho mais e ainda que porventura “passem do ponto”, tenho absoluta certeza de que vão continuar bem doces, como deve ser um bom sonho, bem recheado de maravilhas que encantem a alma por onde ela achar que deve ir dar sua voltinha de praxe. Já aqui, diante dessa maravilha tecnológica que é o computador, um esforço a mais sempre valerá a pena, até porque, logo mais um novo dia vai raiar e lá vamos nós, para nossas jornadas de trabalho sem que se possa permitir o descuido de não admirar de verdade a fantástica dádiva de estar vivo e poder usufruir das maravilhas que o mundo oferece. Sei que todos temos nossos problemas, mas eles; devem fazer fila e a gente vai resolvendo um de cada vez afinal, o dia tem 24 longas horas e ainda que a gente fique sem tempo para muitas coisas, não se pode deixar passar a chance de dedicar alguns minutos para abraçar quem se ama ou então, dar uma ligadinha só para desejar aquele fantástico “bom dia!”. Setembro está ai e daqui a pouco, é Primavera no ar uma vez mais e que esta estação contagiante possa preencher a alma e o coração de cada um de vocês com a sua inimitável magia de nos mostrar o quanto a vida é bela, o quanto viver faz bem à própria existência. Feliz Primavera a todos vocês e obrigado pelas visitas diárias a este espaço. -Pedro Brasil Jr -

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

CHUVA

Minha grande amiga Zenaide continua firme, inspirando poesias a todo instante. Hoje, não poderia deixar de abrir espaço para compartilhar com você mais uma de suas criações.
CHUVA Zenaide Giovinazzo
Delicia um banho de chuva! Molhar a roupa, os cabelos, deixar lavar a alma e libertar todos os apelos... Alguns presos na garganta outros no coração fustigados pela chuva vão caindo pelos vãos... Escorrem pela calçada levam junto a inclemência e nesse banho de chuva é devolvida a inocência... SP/18/10/08

quarta-feira, 29 de julho de 2009

FRONTEIRAS DO DESCONHECIDO

Primeiro aprendi a contemplar o céu e deixei meu olhar se perder na imensidão azul. Depois, descobri nas nuvens uma incrível magia de formas como se fossem ilustrações de um gibi da alma. Depois, tive que aprender a observar a escuridão e meus olhos descobriram aos poucos os pontos cintilantes tão distantes quanto a vontade de se possuir um diamante. As estrelas estavam lá apontando para o infinito... Tempos depois fui descobrindo o encanto desses seres alados que batem suas asas de um lado para outro, dando um toque todo especial à paisagem. Pássaros multicores disputando espaços com as andorinhas acizentadas. Libélulas dando rasantes por sobre as águas e nas flores, colibris e borboletas em sua dança inimitável. Foi assim que meus olhos despertaram para os encantos da existência e muito tempo depois é que meu coração foi entender o perfeito sincronismo do universo. Tudo parecia ser e acontecer apenas no meu jardim. Porque aquilo tudo era o meu mundo e, embora houvesse o desconhecido, ele jamais havia atiçado minha curiosidade. As fronteiras desse desconhecido eram as mesmas que delimitavam a minha alma e portanto, o meu jardim , embora fosse uma partícula do universo, era o meu gigantesco mundo. Não haviam outros olhos que pudessem se perder em todas aquelas maravilhas e o que eu não sabia, era que outros olhos haveriam de pincelar sorrateiros aquilo tudo sem, no entanto, assimilar absolutamente nada; a não ser o meu segredo maior, que era apenas e tão somente o meu olhar. Aqueles olhos passaram como um cometa brilhante e me fizeram, pela primeira vez, pensar nas possibilidades do desconhecido, a começar por aqueles olhos flamejantes e inoportunos. Mas apesar disso me mantive em meus domínios embora algo estranho se processasse nos confins da minha alma. Sim; ela passou por aqui batendo suas asas de cristal tão frágeis, vôou ao redor de tudo e depois desapareceu no horizonte para sempre. Ficaram mais coloridas as flores, as aves, os colibris e as borboletas e o que era verde ficou ainda mais vistoso e uniforme. Só meu coração é que pulsava diferente, porque mesmo que eu não aceitasse, havia descoberto uma possibilidade e ela se chamava paixão. Aprendi então a me apaixonar, ainda que platonicamente.... Fiquei pelo tempo vivendo da imaginação e tive que aprender a olhar o universo por outros ângulos. Aprendi a arte da espera e da paciência. Tinha a confiança de que num belo dia ela voltaria, com suas asas vistosas e aqueles olhos que mais se pareciam com dois portais que levavam a um admirável mundo novo. Aprendi também que a espera não valia a pena e segui cuidando do meu mundo e de todos os detalhes que exigiam a ação do meu olhar e a destreza de minhas mãos. Meu jardim; meu mundo – estavam perfeitos, com o céu azulado, a passarada em algazarra e as flores desabrochando a todo instante. E nas noites, lá estavam elas, cintilantes a pulsar no infinito. Aprendi a olhar as estrelas e depois a contá-las até adormecer e mergulhar em meus sonhos mais estranhos. Aprendi também a me debruçar na janela e a ficar compenetrado no nada. Talvez ela estivesse por lá, porque se ela fosse apenas uma ilusão, também seria nada. A verdade é que jamais regressou e passei a admitir que tudo aquilo teria sido sim, uma grande ilusão ou quem sabe uma daquelas miragens que nos atacam nos instantes em que o corpo fraqueja. O tempo sempre foi implacável e nunca parou. O meu jardim, o meu mundo, passaram por transformações significativas também. E certo dia, me peguei diante do espelho e fixei meu olhar em meus próprios olhos. Aquilo me surpreendeu e me assustou. Eu estava frente a frente com alguém que na verdade eu nem conhecia direito. Foi assim que consegui mergulhar naqueles segredos da minha alma e lá, num jardim tão maravilhoso quanto o meu, descobri a presença daquele olhar num ser alado que nada mais era do que a própria transformação. Foi assim que aprendi um pouco mais de quem sou e um tanto a mais de tudo o que me cerca neste imenso jardim. ( Pedro Brasil Júnior ) Curitiba – 29 de julho- 2009-07-29 22h20min *Publicado originalmente na Usina de Letras - www.usinadeletras.com.br

sábado, 27 de junho de 2009

MICHAEL JACKSON - ENFIM UM MENINO NORMAL

Ele tinha nove anos e já cantava... Eu tinha onze e achava que ele era só mais um desses meninos que cantam. O meu negócio era correr atrás da bola pelos campinhos, soltar pipa, trocar figurinhas e brincar o máximo que fosse possível. Ele tinha nove anos e sua infância durou muito pouco...Eu tinha onze e fiz com que minha infância durasse pelo tempo que eu desejasse. Talvez ainda hoje, nos momentos em que me é possível, eu libere minha criança interior para que se exponha em brincadeiras sadias e assim, possa dizer, a seu modo, que a vida é simples, se a gente fizer tudo para que ela assim o seja. Daqueles onze anos para cá muitas coisas aconteceram no mundo e até certo ponto, fomos escrevendo nossas histórias em pontos tão distantes e de maneiras tão diferentes, cada um, acredito eu, sem dar-se conta do que seria a trajetória rumo ao futuro. Ele marcou nas páginas do seu livro, passagens memoráveis e que a todos parece, aconteceram ainda ontem. Marcou corações apaixonados e embalados por suas canções e tratou de distribuir costumes e paixões fervorosas no coração de seus fãs. Vendeu milhões de discos, superou todas as paradas com seus hits e mergulhou no fantástico mundo da fama como ninguém jamais poderia imaginar. Enquanto subiu seus degraus em direção à fama, eu segui o meu rumo como todo mortal dito normal, até porque a vida parece que dá mais vida àqueles que por alguma razão se destacam ao longo de suas jornadas. Mas isto acontece porque temos em nossa alma e sutileza das ilusões e elas nos empurram para frente como se fossem poderosas turbinas.
Não foram apenas as canções, nem a dança, nem os vídeos, nem os escândalos que o fizeram ser uma personalidade especial em todas as partes. O que mais marcou a todos foi o seu carisma humano, um menino eterno em seus folguedos milionários, atraindo milhares de fãs fervorosos aos shows e transmitindo a todos, pelos gestos, pela voz e pela dança uma mensagem qualquer para qualquer um em qualquer parte. Ainda hoje, quando escuto canções como “Happy”, “I’ll be there” e “One Day in you life” ainda em sua voz infantil, me desprendo dos meus 52 anos e faço uma viagem insólita até aqueles dias onde meus onze anos eram nada mais do que uma pequenina estação de onde partiria o trem da minha jornada. Tempos felizes, onde eu podia viver alheio a tudo o que acontecia pelo mundo, quer fossem as guerras ou as tragédias que dizimavam pessoas por todas as partes. Alheio até aos dramas familiares, as dificuldades que tomam o café da manhã, almoçam e jantam com a família ou algumas vezes em que a dificuldade foi tanta que ela nem apareceu para “fazer uma boquinha”, porque nos armários só haviam prateleiras vazias e na mesa, uma invasão de moscas como se aquilo fosse um aeroporto esquecido.
Nesta volta pelo tempo, revejo amigos perdidos e repasso por tantas situações que nem caberiam neste espaço. As alegrias, as tristezas, as chuvas torrenciais, o vendedor de verduras em sua carroça, o apito do trem cortando a cidade e as sirenes da polícia deixando todo mundo assustado. Repasso a alegria da minha casa, a vida dos meus pais que já se foram, as primeiras festinhas no melhor estilo americano e na vitrola...Michael Jackson. Depois vieram os aparelhos de som, os três em um, os cassetes até chegarmos aos dvds e a estas tecnologias ainda mais avançadas. Mas ele sempre se fez presente no presente ainda que por muitas vezes, fossemos buscá-lo naquele passado tão ingênuo, onde meninos e meninas eram simplesmente meninos e meninas inocentes, que podiam até se apaixonar, que podiam até trocar um beijo e ficava tudo por ai. Bem; muitos acabaram esperando o tempo passar e se casaram. Que coisa mais antiga você pode dizer hoje não é mesmo? Mas... onde ficou a inocência daqueles tempos? Daquela época em que lá longe um menino de nove anos cantava muito melhor que muita gente grande e mais tarde, tornar-se-ia tão grande que lhe faltaria espaço para a coisa mais simples a que todos temos direito: a liberdade de viver.
Sim; Michael Jackson não pode viver como nós, meninos ditos normais. Talvez diante dos nossos 50 anos ainda não tenhamos conseguido realizar muitos daqueles sonhos antigos de consumo. Ele ganhou tanto que qualquer coisa estava ao seu alcance. Mas nós pudemos caminhar tranqüilos pelas ruas, pelos parques e bosques e se divertir da maneira toda própria. Ele, que agora nos deixa tão prematuramente escreveu mensagens cifradas por toda parte e viveu, entre os altos e baixos da fama e dos escândalos confinado em sua vida pessoal tão cercada de mistérios. O preço da fama ou do estrelato é muito alto, no entanto, alguns indivíduos são destinados até nós justamente para nos encantar, nos passar mensagens novas, nos irradiar alegrias e depois, nos deixar assim, de uma hora para outra sem dar aviso algum.
A isto, dá-se o titulo de “missão” e a missão de Michael Jackson foi devidamente cumprida se observarmos o seu crescimento diante de todos os aparatos que fazem da música uma razão universal.
Pequeno e com voz grande ele foi um dia. Grande e com voz eterna permanecerá para a eternidade. Pagou alto por tudo isto, mas que ninguém se surpreenda daqui a um século se suas canções continuarem a tocar nas rádios e no coração de pessoas que nem chegaram a ver o ídolo que encantou o século vinte e deu, já no começo deste século vinte e um, os seus passos mais importantes em direção à luz.
A luz agora é divina caro Michael Jackson e que você trilhe por ela, seja lá onde for, com a mesma simplicidade, com a mesma voz, com os mesmos sonhos enfim. E que agora, o Criador te dê a chance ser um menino normal, só para que você possa sentir de verdade, o quanto de riqueza e brilho isto tem de importante na vida de todos nós.
-PEDRO BRASIL JÚNIOR -
Curitiba, 26 de junho 2009
*Publicado originalmente na Usina de Letras

domingo, 24 de maio de 2009

ESCULTURA

Eu queria de você uma palavra pelo olhar. Um gesto singular e implacável! Eu queria de você a oportunidade de novamente te esculpir sem me preocupar com o tempo. Uma escultura paciente feita por minhas mãos trêmulas numa emoção incontida. Eu queria que você estivesse bem aqui, neste exato momento distribuindo uma ingenuidade marota e sugerindo um passeio pelo teu corpo sem roupa. No ar a fragrância de tua química alvoroçada e teus lábios adocicados. Minha viagem através do teu ser fazendo descobertas surpreendentes! Me pego quase em dormência sobre a folha de papel e numa piscadela repentina, tento esboçar tua paisagem. Focalizo tua geografia completa e revivo em pensamento minhas jornadas através de ti. De certeza mesmo, só sei que agora não se faz presente e deve mergulhar em sonhos enquanto esta madrugada dispara de encontro ao alvorecer. O relógio quebra o silêncio! Meu suspiro também!.. Talvez esta solidão pudesse ser amarga, mas sinto com ela um gosto adocicado de morango maduro. Não me perco pelos rumos do rancor ou da dor. Percebo neste momento que apesar das divagações e desse desejo explícito, existe a magia de uma luz que brilha com toda intensidade e que me permite imaginar você, o teu desenho, a tua escultura enfim... Eu queria muito de você, mas me contento com a tua ausência. Só por ela, me é permito imaginar você! Este é o lado bom da solidão!
( Pedro Brasil Júnior )
São José dos Pinhais - 15/05/2009
*Publicado originalmente nos Anjos de Prata - www.anjosdeprata.com.br
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quarta-feira, 29 de abril de 2009

EM QUE CARROSSEL NOS ESCONDEMOS?

Dos sonhos construímos a existência.
Das ilusões que bailam vida afora, extraímos o mais puro e transparente néctar.
E através dele, de suas misturas tão misteriosas, podemos mais tarde saborear a doçura ou o amargor de nossas escolhas. A vida pode ser um vigoroso alazão em galope constante, onde cavalgamos desenfreadamente na busca de alguma coisa que está por lá, em algum lugar dessa imensidão que nos cerca.
Mas isto pouco importa!... Começamos a cavalgar muito cedo, ainda que nem se perceba o estilo e a vontade de fazer bonito, de jamais cair do cavalo e se entregar a um instante de ridículo. Mas o que seria a conquista se não fossem nossos tombos? Como aprender mais sem cometer mais erros também? Minha vida seria apenas e tão somente uma poesia perdida entre as páginas de um volume qualquer. Mas estaria lá, aguardando olhos mais atentos para demarcaram uma leitura dinâmica. Talvez muito pouco esses olhos levassem de mim. Talvez muito pouco também, eles deixassem para minha escolha. Mas esta poesia de vida que também singra as paisagens nas patas de um alazão qualquer, às vezes ganha vida própria e tem o poder de me levar lá na frente ou me devolver bem lá para trás. A vida... essa vida que vivemos em círculos constantes é apenas um gigantesco carrossel, com seus cavalinhos entalhados e coloridos, que levam nos lombos nossos sonhos infantis, nossas ilusões adultas, nossos desejos mais secretos, nossas dúvidas mais cruéis e nossas vidas tão juntas e ao mesmo tempo tão separadas por estas cavalgadas intermináveis, onde jamais sabemos quem está na frente ou bem atrás. Esta cavalgada que parece um filme, um daqueles de jornada longa, com aventuras de todos os tipos e estilos, onde somos os personagens centrais, ainda que sejamos os mocinhos ou os bandidos. Uma aventura mágica, com trilha sonora única, digna da presença de um palhaço malabarista, capaz de tropeçar no próprio sapato e bater sua cabeça dura com a cabeça de pau de um desses cavalos inertes, mas incrivelmente cheio de vida. A trilha segue, ilustrada por nossos gritos, nossas risadas, nossos acenos felizes, nossa esperança incrustada naqueles entalhes onde o artista dedicou horas a fio para obter um resultado todo especial.
O carrossel é arte pura e através dele, seguimos em frente, num círculo que nos faz lembrar a Terra girando ao redor do Sol e nos obrigando a mudar de estações, porque a viagem é longa e as flores estão sempre à nossa espera. Vamos a elas como abelhas serviçais, carregando o néctar para fabricar aquela transparência que há muito perdemos e cujo brilho, apagamos com nossas mãos imundas e nossos pensamentos insanos. Aquele cristal único que decidimos lixar com nossa ignorância e assim, criar uma opacidade cruel, que esconde de nós mesmos a verdade mais tênue e que nos obriga a seguir em círculos numa busca ansiosa por nosso próprio caráter. E onde havemos de estar senão apenas e tão somente em nosso magnífico carrossel?
( Pedro Brasil Júnior )
São José dos Pinhais, 29/04/2009 - *Publicado originalmente na Usina de Letras.

terça-feira, 14 de abril de 2009

CÚMPLICES

Fixei meus olhos na folha branca de papel.
Branca e pura!
Clamei por palavras...mas nenhuma me ouviu!
Gritei por versos simples!
E permaneci enroscado em invisíveis estrofes.
Que fazer? Perguntei-me...
Respirei fundo, olhei pela fresta da janela... Só havia as luzes das ruas rabiscando a escuridão. Mas havia o silêncio...tão profundo que, quase o toquei!
Então acendi um cigarro e fiquei contemplando argolas de fumaça.
Uma por uma foram subindo em direção à lâmpada, juntando-se em interessantes elos. Dissipando-se depois da idéia... Idéia! Finalmente uma! E crivei dois pontinhos naquela folha, agora, já não tão pura assim.
Opostos naquele retângulo ficaram como eu, esperando por alguma coisa.
Então, os liguei, lembrando daqueles exercícios de ligar pontos. Não vi figura alguma!
Mas ... não é que inventei uma linha? Justo eu que nada entendo de geometria?
Bem; agora que já tinha uma linha, podia inventar qualquer palavra, qualquer frase, qualquer estória...
Agora, palavra inventada, éramos, a folha alva, a escuridão e o silêncio, cúmplices de uma emoção: acabara de nascer mais uma parte do meu ser !
(Pedro Brasil Júnior)
*Publicado originalmente na Usina de Letras -

terça-feira, 31 de março de 2009

FELIZ NATAL PRA VOCÊ!

O que foi, caro leitor? Acha que fiquei louco?
Desejar Feliz Natal em pleno final de Março, entrada do outono e chegada do Coelhinho da Páscoa?
É engraçado como nos prendemos em datas comemorativas e como elas interferem em nosso modo de ser, principalmente na economia pois, é justamente nestas ocasiões que o cheque especial fica detonado e os cartões de crédito fazem a festa. Tudo em nome da alegria que passa tão rapidamente quanto uma chuva de verão.
Mas de qualquer maneira, a gente deseja sim, do Fundo do Coração, um Feliz Natal a todos vocês, porque a cada alvorecer, quando a gente abre os olhos e depois olha pela janela, temos a satisfação de ter nascido uma vez mais para a vida. E isto é Natal! - Verdade que na maioria dos dias, um Natal sem presentes perante o magistral Presente. É claro que a maioria das pessoas nem lembra que é assim. Acordam cedo e pegam o "trem da vida" na próxima esquina para encarar seus desafios diários.
Essa aparente brincadeira serve apenas como um alerta. Para que você dê aos seus filhos um grande abraço e um sorriso verdadeiro. Será que eles vão desejar outro presente?
Da mesma maneira, serve para que você lembre de diminuir o ritmo alucinante, respirar com calma, ouvir uma boa música, curtir bons momentos com a família e os amigos.
A vida, dizem, é muito curta e não há tempo a perder. Mas como ganhar tempo? Correndo atrás de dinheiro e de bons negócios?
A vida se esvai e os momentos mágicos, se não forem por nós criados, ficarão apenas na vontade, quando lá adiante, já não tivermos a energia ideal para realizá-los.
Estamos encerrando o mês de Março e abrindo os portais para Abril. Todo dia é momento para que se mude alguma coisa em nossas vidas. Primeiro respire e depois faça um levantamento apurado do que é preciso mudar para que sua vida fique melhor. Antes de tudo, o abraço nos filhos, sempre! Depois, que tal limpar as gavetas e os armários e tirar de lá tudo o que não mais se usa e que não serve? Existem muitas pessoas que precisam justamente dessas coisas. Faça uma reciclagem em sua vida e ajude a promover uma vida melhor a todos.Agindo assim, você estará também, abrindo espaço para o novo. Pense bem nisto!
Feliz Natal
a todos vocês,
com muita Paz, Harmonia, Amor e muita,
mas muita Luz mesmo!

IMPLACÁVEL INVASOR

Caminha na distância o homem... Cansado de suas andanças além fronteiras.
Extasiado pela constante dança dos ventos. Caminha assim o homem... Através do tempo e alheio às estrelas, vaga quase perdido pela imensidão e completamente desapercebido de sua passagem. Um viajante apenas, sem bagagens, sem pressa, sem um destino certo, tatuando no arvoredo uma imagem de pura nudez. Nada que cause espanto e atente ao pudor. Uma nudez graciosa, que confecciona tapetes de mil cores. E com ele, o vento vem bailando e assobiando uma canção estranha. A roupagem das árvores se mistura pelo chão e se arrasta como um enorme véu de noiva. Mas não há casamento aparente.
O viajante solitário segue caminhando em seu curso e transforma os dias através de uma mágica de sentimentos mil. Enquanto atravessa sua estrada e deixa as árvores nuas, vai deixando mensagens cifradas em cada folha que cai. O tempo é senhor implacável e tudo acontece ao redor sem que se possa perceber. Sabe-se que algo acontece, silenciosa e sorrateiramente. A paisagem muda seu aspecto, mas a passarada prossegue em seu magistral coro. E lá vai o homem em suas andanças, em sua dança com o vento, procurando aconchego nas noites gélidas e quem sabe até, um bom e antigo vinho. É numa taça de cristal que ele saboreia o néctar do fruto e depois demarca seu território como se fosse um invasor poderoso sobre tudo e sobre todos. Sumiu no horizonte em busca de sua estação, não sem antes abrir os portais para seu parceiro frio que breve estará de passagem. Só longos meses depois de sua passagem é que seus escritos vão se revelar como fotografias na química. Um toque de magia, uma imagem! Um toque de soberania e pronto; novas folhas anunciam a chegada da prima de todos, envolta em suas vestes coloridas, rodeada por borboletas azuis e distribuindo vida nova por toda parte.
Distante anda agora o homem solitário, assobiando sua canção e se apropriando de outras terras. Breve estará de volta, zombando das estações que se passaram e pincelando em cinza uma nova nudez artística. E aos outros, seguirá manipulando sentimentos, provocando a saudade e deixando muitos de nós debruçados na janela, num final de tarde, com um profundo sentimento de melancolia. E para onde se perderá nosso olhar? - São José dos Pinhais – 31/03/2009 -
*Implacável Invasor - Pedro Brasil Júnior - Publicado originalmente na Usina de Letras.