terça-feira, 30 de agosto de 2011

MINHAS ANDANÇAS - O PASSEIO DA SOLIDÃO


Uma câmera na mão e nenhuma idéia na cabeça!
Já lá se vão uns 15 anos quando numa tarde preguiçosa de domingo sai sem rumo e fui parar nas ruas então tranqüilas de Piraquara.
Casarões antigos, crianças brincando na rua, cachorros defendo espaços a ladrar enquanto o sol teimava em infiltrar seus raios por entre as nuvens.
Recordo que andei um bom tanto e registrei em algumas fotos, cenas típicas de uma cidade ainda pequena com sua gente humilde num dia de descanso.
Fotografei graças a uma lente poderosa um solar distante, o menino solitário em sua bicicleta, um gato preguiçoso na soleira de uma janela antiga e o homem deste flagrante alheio à lente, alheio ao dia, alheio ao mundo...
Tentei imaginar suas histórias de vida por ali e senti que o casarão demolido, preservando apenas a antiga fachada deveria ter um significado especial para ele.
Não dá para adivinhar o livro alheio e segui adiante em meus passos solitários escrevendo um pouco mais a respeito de um dia que já é passado distante.
A foto ficou devidamente guardada esses anos todos e de repente, numa dessas visitas à solidão de nossas coisas, a redescobri e decidi traze-la para o mundo.
Não é uma cena incomum! Até porque estar só e pensando na vida faz parte do nosso cotidiano.
Mas a cena nos obriga a repensar a própria vida e nossas atitudes perante os outros. 
Ainda que estejamos escrevendo nossa própria história, muitas e muitas vezes integramos a história alheia, senão também, somos, por muitas ocasiões, os que manipulam as páginas em branco onde os outros darão início a um novo capítulo.
O mundo pode ser maravilhoso e ao mesmo tempo cruel!
As pessoas podem ser bondosas ou maledicentes!
E a única verdade é que o mundo segue caminhando enquanto nós, por aqui, seguimos com nossos passos, nossas atitudes, nossas palavras suaves ou ásperas rabiscando a existência.
Grupos de amigos em reunião alegre ou homens solitários, sentados na soleira de uma porta antiga, fechada, resguardando quem sabe a esperança que por tantas vezes ali bateu na tentativa de mudar destinos.
Ou simplesmente homens solitários, caminhando por ruas vazias, com uma câmera na mão registrando para sempre a ilustração de mais um livro de vidas.
-Curitiba, 24 de agosto – 2011 -

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

MINHAS ANDANÇAS - A JANELA

Primeiro se fez o mundo!
Depois, por toda parte havia um horizonte.
Em cada horizonte havia cores, havia magia, havia todo um sentido.
E o mundo já estava feito!
Só muito tempo depois, bem depois das cavernas é que nasceram as primeiras janelas.
Ah! Janelas!...
São tantas histórias de cada um de seus lados...
Mas tudo o que se abre diante de uma janela nos transporta simplesmente para o mundo e sua gama de horizontes.
Horizontes perdidos!
Horizontes esquecidos!
Horizontes misteriosos!
Horizontes só nossos, como um risco sem fim dividindo o coração e a alma.
Na soleira das janelas é onde a visão se perde distante ou há poucos metros. Ainda que às vezes seja preciso dividir aquele espaço com um gato preguiçoso.
Pela janela fechada, através do vidro, sentimos certa ansiedade, como se presos estivéssemos.
E lá fora, em todos os horizontes possíveis, palpita a liberdade.
Se chove, a janela se transforma num quadro passageiro, onde riscamos no suor as esquisitices de nossas emoções também passageiras.
Pelas frestas das cortinas deixamos nossas retinas pesquisar a vida alheia.
Mas é da janela que emolduramos o mundo em todas as suas estações, em todos os seus fatos, em todos os momentos de puro ócio.
Porque a janela pinta as cenas que podem demarcar os caminhos de nossas andanças.
-Pedro Brasil Jr -
-Curitiba, 19 de agosto- 2011 -

sábado, 13 de agosto de 2011

DIA DOS PAIS

Aprendi a ser pai aprendendo muito antes a ser filho!
A experiência quando teve início me deixou a bordo de um barquinho à deriva no oceano da vida. Tive que remar com as mãos, reaprender a me guiar pelo Sol e pelas estrelas. Tive que encarar fortes tempestades, mas também pude me deliciar na alegria de sorrisos pequeninos me esperando na volta de cada jornada. O pacote com os pães, o litro de leite, o pacotinho com as balas e pirulitos. E a vida assim seguiu com os pequeninos crescendo sob minha orientação.
Na medida do avançar dos anos, cada pedaço meu buscando o seu rumo, mas sempre ligados, da maneira que sabem, à minha figura. Foi por tudo isto que sempre preservei meu caráter, minha boa índole, meus melhores exemplos. Cometi erros, tive falhas eu bem sei... Mas eu tinha que aprender com meus erros e falhas para acertar cada destino dos meus.
Sigo em meu exercício, em minha missão de bom condutor e o faço na certeza de que, apesar de todas as lutas, das dificuldades inerentes à jornada, pude oferecer o melhor que tinha, o melhor que meu coração semeava no meu jardim de vida para colher entre o colorido das flores, os frutos mais suculentos, as essências mais significativas e a força para seguir adiante.
Não vou celebrar apenas a data que é mais comercial, até porque, desde a primeira experiência, passei a ser Pai todos os dias de cada ano, todas as horas de cada dia, todos os minutos de cada hora. Creio que perante o PAI maior, nada tenho a dever senão, agradecer pelos braços deste estendidos para me acolher naqueles instantes em que o desespero rondava e que eu tinha que encontrar a saída para que os pequeninos tivessem seu pão, suas roupas, seus calçados, seus brinquedos, seus livros e lápis e acima de tudo, que eu estivesse saudável o suficiente para abraçar cada um e participar dos seus folguedos ainda que o cansaço da jornada insistisse o contrário.
Para cada um de vocês, Alexandre, Allan, Andréas, Isabella e Paula, o meu abraço, o meu beijo, o meu sorriso e o desejo que vocês sejam pais e mães como eu procurei ser.
Para Ana Carolina e Ana Júlia, um naco do meu coração de Pai, desejando a vocês também, que sejam um dia mães de verdade.
A todos vocês, as bênçãos de Deus com muita Luz e que o futuro lhes reserve muitas e muitas alegrias.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

BEZERRA DE MENEZES

"Um dos aspectos notáveis da evolução espiritual humana é que todos os doentes da alma, à medida que se vão curando, vão se tornando médicos por sua vez".

-Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti-