quinta-feira, 22 de outubro de 2009

SÓ UM LEMBRETE DO QUINTANA

A vida é o dever que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são seis horas! Quando se vê, já é sexta-feira... Quando se vê, já terminou o ano... Quando se vê, perdemos o amor da nossa vida. Quando se vê, já passaram-se 50 anos! Agora é tarde demais para ser reprovado. Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando, pelo caminho, a casca dourada e inútil das horas. Desta forma, eu digo: Não deixe de fazer algo que gosta, devido à falta de tempo, pois a única falta que terá, será desse tempo que infelizmente não voltará mais.
(Mário Quintana)

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

POR QUE O MAL NÃO EXISTE?

Alemanha - Inicio do século 20 Durante uma conferência com vários universitários, um professor da Universidade de Berlim desafiou seus alunos com esta pergunta: “Deus criou tudo o que existe?" Um aluno respondeu valentemente: Sim, Ele criou… Deus criou tudo? Perguntou novamente o professor. Sim senhor, respondeu o jovem. O professor respondeu, “Se Deus criou tudo, então Deus fez o mal? Pois o mal existe, e partindo do preceito de que nossas obras são um reflexo de nós mesmos, então Deus é mau?" O jovem ficou calado diante de tal resposta e o professor, feliz, se regozijava de ter provado mais uma vez que a fé era um mito. Outro estudante levantou a mão e disse: Posso fazer uma pergunta, professor? Lógico, foi a resposta do professor. O jovem ficou de pé e perguntou: professor, o frio existe? Que pergunta é essa? Lógico que existe, ou por acaso você nunca sentiu frio? O rapaz respondeu:" De fato, senhor, o frio não existe. Segundo as leis da Física, o que consideramos frio, na realidade é a ausência de calor. Todo corpo ou objeto é suscetível de estudo quando possui ou transmite energia, o calor é o que faz com que este corpo tenha ou transmita energia. O zero absoluto é a ausência total e absoluta de calor, todos os corpos ficam inertes, incapazes de reagir, mas o frio não existe. Nós criamos essa definição para descrever como nos sentimos se não temos calor" E, existe a escuridão? Continuou o estudante. O professor respondeu: Existe. O estudante respondeu: Novamente comete um erro, senhor, a escuridão também não existe. A escuridão na realidade é a ausência de luz. “A luz pode-se estudar, a escuridão não! Até existe o prisma de Nichols para decompor a luz branca nas várias cores de que está composta, com suas diferentes longitudes de ondas. A escuridão não! Um simples raio de luz atravessa as trevas e ilumina a superfície onde termina o raio de luz. Como pode saber quão escuro está um espaço determinado? Com base na quantidade de luz presente nesse espaço, não é assim? Escuridão é uma definição que o homem desenvolveu para descrever o que acontece quando não há luz presente” Finalmente, o jovem perguntou ao professor: Senhor, o mal existe? O professor respondeu: Claro que sim, lógico que existe, como disse desde o começo, vemos estupros, crimes e violência no mundo todo, essas coisas são do mal. E o estudante respondeu: O mal não existe, senhor, pelo menos não existe por si mesmo. O mal é simplesmente a ausência do bem, é o mesmo dos casos anteriores, o mal é uma definição que o homem criou para descrever a ausência de Deus. Deus não criou o mal. Não é como a fé ou como o amor, que existem como existem o calor e a luz. O mal é o resultado da humanidade não ter Deus presente em seus corações. É como acontece com o frio quando não há calor, ou a escuridão quando não há luz. Por volta dos anos 1900, este jovem foi aplaudido de pé, e o professor apenas balançou a cabeça permanecendo calado… Imediatamente o diretor dirigiu-se àquele jovem e perguntou qual era seu nome. E ele respondeu: ALBERT EINSTEIN.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O CAÇADOR DE BORBOLETAS

O relógio tem o poder de dividir os dias em horas, mas felizmente, este senhor absoluto de nossas vidas não pode realmente encarar a força e o poder do tempo. Ao nosso redor, as horas se esvaem como as areias de uma ampulheta e nós, atribuímos aos nossos inventos toda a precisão possível. A seu modo, no entanto, a natureza segue silenciosa em sua eterna oração aos céus e enquanto isto, o tempo carrega suas ferramentas mais preciosas e a tudo transforma com um talento invejável. Para não criar confusões, ele, o tempo, definiu suas atribuições em quatro estações apenas, onde sua passagem e sua parada é sempre marcante e recheada de mistérios que a maioria dos homens desconhece. Tudo o tempo todo ao nosso redor está em constante movimento e sincronia, mesmo que nós, através de nossa racionalidade, deixemos de perceber. Nós mesmos estamos a cada segundo celebrando transformações interiores significativas e a maioria delas acontece sem que nada possamos sentir de fato e de direito. Ouvi alguém dizer não faz tanto tempo, que “envelhecer é obrigatório, crescer é opcional”. Confesso que fiquei constrangido diante de uma frase tão pequena, mas cujo alcance ultrapassa as mais longínquas distâncias da nossa pequena Via Láctea. Não a menosprezo quando lhe digo “pequena”, afinal de contas, o Universo é tão grande que realmente não podemos contestar a maior de todas as verdades: nós somos, cada um, um ínfimo grão de areia dentro desse incomparável conjunto criado por uma essência maior, cuja sabedoria lhe permitiu oferecer tantas maravilhas. Para cuidar disso tudo, nomeou o Tempo como seu fiel capataz e este, implacável, segue, sabem-se lá a quantos milhões de anos, cumprindo a sua grandiosa missão de transformar tudo e todos e dessa maneira, prover de novidades todas as estações por onde obrigatoriamente passa a cada período específico. Seus feitos e exemplos podem ser observados de várias maneiras, através de todas as ciências, de todas as religiões, de todos os olhares que, por alguma razão percebem “o diferente” ao redor. Talvez o maior exemplo da transformação seja a borboleta, um ser tão frágil e gracioso cujas cores impressionam nosso olhar e cuja sutileza encanta qualquer jardim, em qualquer lugar do mundo. A lagarta ordinária move-se lentamente por entre as ramagens, sofrida, ameaçada e completamente imperceptível. Sua vida é rastejar humilde e comer folhas o tempo todo. Ela lembra muitos homens que um dia foram “lagartas” e que depois, com muita força de vontade conseguiram ganhar asas e dar seus altos vôos. A lagarta cria o seu casulo e se isola nesta solidão implacável e duvidosa, porém, dentro de um tempo específico, ei-la saindo, desabrochando como a flor mais bela e ruflando suas asas coloridas por entre a paisagem. Seu destino: as flores, o néctar, a prontidão de ser agora alguém diferente e que a todos os olhares desperta atenção. O tempo, este artista sorrateiro nos reservou a borboleta para demonstrar o quanto devemos ser gratos pelo que somos, pelo que temos e pelo que podemos fazer para ajudar os outros. Da mesma maneira, através da borboleta, ele nos indica que o Criador nos proveu sim, de uma alma, de um espírito, capaz de promover mudanças em si próprios e a isto, da-se o nome de evolução. Podemos evoluir todo o tempo também, através de nossas atitudes mais simples, através do nosso olhar mais puro e tênue, admirando o que nos cerca e nos dignifica neste majestoso planeta Terra. Outrora, os objetos de coleções eram raros. Refiro-me a uma época muito distante e imagino que naquele tempo, as borboletas eram um desses focos, quando muitos saiam à sua caça para deter espécies diferentes, cruelmente espetadas por um tipo qualquer de alfinete numa madeira leve talvez. A prática durou muito e é provável que ainda hoje existam esses indivíduos insensíveis, que as capturam sem uma razão que vá além do capitalismo. Certa ocasião conheci um homem que tinha, em seu escritório, dois quadros repletos de borboletas de todos os tipos, tamanhos e cores e ele se orgulhava por aquilo. Nesta época, eu ainda dava meus primeiros passos no jornalismo filatélico e foi quando descrevi a ele tudo o que até então eu sabia sobre filatelia e é claro, aproveitei para aguçar o seu desejo através dos selos postais que retratavam borboletas. Nossa conversa repetiu-se, porque ele sentiu que havia cometido vários atos indevidos e tirado dessa maneira a oportunidade daqueles seres alados continuarem a enfeitar a paisagem. Deu um fim em seus quadros de borboletas e em seus apetrechos usados para caçá-las. Soube que as espécies eles doou para um instituto de pesquisas e depois disso, trocou os quadros por brilhantes álbuns de selos onde começou a colecionar todas as borboletas que já conhecia e tantas e tantas outras que nem imaginava existir. A filatelia temática adentrou em sua vida por algum tempo, pois infelizmente o homem, que já tinha idade avançada, acabou falecendo. Mas dentre os selos que tinha em seus dois álbuns, deixou algo escrito: “Passei grande parte da minha vida aniquilando sonhos coloridos. Eu não sabia como as borboletas nasciam. Eu achava que elas apareciam repentinamente. Agora que os selos me fizerem descobrir, agora que já é tão tarde, me permito logo, adentrar em meu casulo. E peço ao Criador que em minha próxima existência, não me dê asas. Que apenas me oferte a oportunidade de voltar com total consciência a respeito de todas as belezas que me cercam e que, portanto, fazem parte da minha própria existência”. - PEDRO BRASIL JUNIOR - Publicado originalmente na Usina de Letras - www.usinadeletras.com.br São José dos Pinhais, 02 de outubro de 2009 – 01h15min