
Branca e pura!
Clamei por palavras...mas nenhuma me ouviu!
Gritei por versos simples!
E permaneci enroscado em invisíveis estrofes.
Que fazer? Perguntei-me...
Respirei fundo, olhei pela fresta da janela... Só havia as luzes das ruas rabiscando a escuridão. Mas havia o silêncio...tão profundo que, quase o toquei!
Então acendi um cigarro e fiquei contemplando argolas de fumaça.
Uma por uma foram subindo em direção à lâmpada, juntando-se em interessantes elos. Dissipando-se depois da idéia... Idéia! Finalmente uma! E crivei dois pontinhos naquela folha, agora, já não tão pura assim.

Então, os liguei, lembrando daqueles exercícios de ligar pontos. Não vi figura alguma!
Mas ... não é que inventei uma linha? Justo eu que nada entendo de geometria?
Bem; agora que já tinha uma linha, podia inventar qualquer palavra, qualquer frase, qualquer estória...
Agora, palavra inventada, éramos, a folha alva, a escuridão e o silêncio, cúmplices de uma emoção: acabara de nascer mais uma parte do meu ser !
(Pedro Brasil Júnior)
*Publicado originalmente na Usina de Letras -
Um comentário:
Se existem textos "perfeitos", esse, cuja cumplicidade entre o escritor, "a folha alva, o silêncio e a escuridão" provoca emoções, está acima da perfeição.
Parabéns, poeta!...
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