quarta-feira, 8 de julho de 2020

QUE ANO ?

Tenho visto muita gente clamar para que este 2020 termine logo. A maioria já não aguenta tanta desgraça e acredita que, de repente; basta jogar aquele calendário ali da parede no lixo e tudo se resolve. Isto me faz lembrar todas as viradas de ano quando, as pessoas desejam adentrar ao novo com aquele frenesi contagiante que as leva a sonhar com dias melhores, mais produtivos, mais saudáveis e mais ricos também. E o que seria mais um ano além daquela fenomenal volta do planeta em torno do sol? O Universo é mágico em seu sincronismo, mas nós, ínfimos grãos de areia por aqui dispersos, estamos alheios até mesmo aos valores da própria existência. Se bem lembro apenas um homem teve a capacidade de carregar sua própria cruz, nela ser pregado e, antes de um ultimo suspiro, teve a capacidade de pedir ao Pai o seu perdão aos que promoveram toda aquela maldade. E desde então a maldade nunca teve um freio, um fim. E chega-se agora não a um destino insólito, mas a um entroncamento que visa despertar nosso bom senso. 

As desgraças todas não surgiram aleatórias porque sempre tiveram e seguem tendo nossas próprias ações. Queremos um mundo melhor, mas seguimos destruindo a própria casa, como se de repente, por causa de um rato, a gente ateasse fogo na casa só para matá-lo. Sutil ignorância num mundo esfacelado pela desigualdade e pelo descaso. Já perdermos o rótulo de humanidade faz tempo. O trocamos por facções inúmeras, cada uma delas, em seu ponto de origem, envoltas em seus próprios e mesquinhos interesses. Então seria melhor levar este 2020 à guilhotina e pronto! – Cabeça de um lado e corpo do outro e tudo estaria resolvido. O admirável mundo novo teria início, mas infectado por todos os defeitos humanos que hoje se destacam em todos os pontos. E a visão é tão anacrônica que a maioria que almeja o final antecipado do ano nem se dá conta que todos os dias, milhares de pessoas encerram o ano com o final de suas vidas. É mesquinhez sobre a incapacidade de avançar, se proteger e ser protegido; de respeitar e ser respeitado; de se unir para a construção do melhor. Enquanto uma parte seguir puxando a brasa para a sua sardinha seguiremos na mesma condição de patéticos sobreviventes do caos ético e moral. Que o ano encerre quando a Terra perfizer seu trajeto, nesta elipse misteriosa de milhões de anos alheios aos relógios e aos nossos mais distintos costumes. Afora isto, o ano; cada ano – nada mais são do que os reflexos dos nossos passos sobre o gigantesco espelho da existência. -Pedro Brasil Jr – 07/07/2020

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