quarta-feira, 13 de maio de 2015

O ATLÂNTICO A TUDO RESGUARDA

O Atlântico resguarda em suas profundezas a dor e os gritos daqueles que foram caçados no coração da Mãe África. Os que suportaram a dor, a fome, a sede, as correntes, os açoites e chegaram por aqui, ainda tiveram que suportar todo tipo de humilhação até que seus descendentes pudessem um dia se tornar PESSOAS. Outrora animais negros, muitos se libertaram antes do destino, pela doença, pelo rancor, pela incompreensão enfim... A liberdade dos negros escravos exigiu deles uma jornada de luta cuja única arma era a esperança aliada à paciência, a dor, a saudade e o rancor que nenhum outro homem já pode sentir em seu coração. Ser preto, negro ou crioulo, como queiram; sempre foi um rótulo imposto pelos poderosos de todas as épocas.
Hoje, 127 anos após a libertação dos escravos no Brasil, ainda temos que deparar com tanta desigualdade, com o preconceito absurdo que nos leva a crer que apesar de todos os avanços, ainda existem pessoas paradas no tempo, medíocres; tão medíocres quanto aquelas do tempo por onde ficaram. O Atlântico ainda resguarda o eco dos gritos que partiam dos navios negreiros. Ainda resguarda a liberdade dos que foram atirados aos tubarões. Ainda resguarda em suas águas uma ponte invisível que no passado, mesmo ao preço da dor, interligou a força dos africanos perante a fraqueza dos senhores de então. A força negra da África construiu o novo mundo e nos legou negros talentosos em todos os segmentos da atividade humana. HUMANOS! É isto que somos todos.Sejamos brancos ou negros. Liberdade ainda é necessária! Que os preconceituosos possam encontrar a liberdade de que precisam e que é a mais difícil de ser alcançada. Aquela que liberta de seus corações o monstro de uma supremacia absurda. Eles também tem duas pernas, dois braços, dois olhos, dois ouvidos, um coração e infelizmente; um cérebro atrofiado. Eles só não tem a pele negra, mas quem garante que seus corações não sejam negros como um carvão? 
O Atlântico a tudo resguarda!...

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