terça-feira, 29 de abril de 2008

2010 - Ano do nosso primeiro contato


Em tempo algum o homem já viveu com tanta pressa como neste início do século 21. Outrora, os livros e os filmes de ficção científica nos levavam a imaginar o que seria o mundo dentro de uns 30 anos. Lá pelos idos de 1970, por exemplo, quando alguém fazia uma referência ao ano 2000, parecia estar tão longe que demoraria mais de um século para acontecer. Pois bem; chegamos ao limiar do ano 2000 e nos vemos frente a frente aos 2010, que no cinema rendeu alguns milhares de dólares quando do lançamento do filme “2010 – Ano em que faremos contato” – numa alusão a um possível e não descartado encontro com seres extraterrestes. Na verdade, estamos vivendo numa velocidade tão intensa que realmente 2010 será o ano do primeiro e primordial contato com nós mesmos. Pode não parecer, mas estamos realmente chegando ao limite extremo do consumismo e de todas as extravagâncias possíveis, a começar pela destruição implacável da natureza e o que é pior; da nossa própria casa.
Detemos hoje todos os aparatos tecnológicos que facilitam nossas vidas, mas que, ao mesmo tempo, nos escravizam diante das telas de televisão, dos monitores dos computadores e de toda a maquinaria que produzem uma infinidade de coisas em tempo recorde e que antigamente eram feitas manualmente e demoravam muitos dias.
Essa pressa de produzir e de consumir tem levado as pessoas a pensarem que os dias não têm mais 24 horas. É muito comum se ouvir que “os dias parecem ter diminuído e que os meses e os anos estão voando”. Nada mudou no Cosmos e em seu complexo sincronismo. Nós, pequeninos grãos de areia perdidos na galáxia é que mudamos nossa maneira de viver e de ser. Deixamos para trás uma infinidade de valores éticos e morais em troca da voracidade em deter poderes de toda ordem. Já não olhamos o outro como um semelhante se acaso este “outro” não tiver dinheiro e posição social que seja compatível com a nossa. O mundo de outrora era tribal e estamos, certamente, voltando às tribos sobre um planeta com quase 7 bilhões de indivíduos.
Não somos mais pessoas e nem humanos – passamos a ser números. Números que elegem governantes, que reforçam estruturas religiosas, que representam grandes arrecadações para o Estado através dos impostos, que movimentam cifras astronômicas que fazem instituições financeiras tornarem-se impérios e laboratórios farmacêuticos tornarem-se tão poderosos que deliberam sobre a vida de todo um conjunto.
Sim; estamos doentes! Mas não são aquelas doenças de antigamente, tão comuns e que ao longo da jornada tornaram-se
insignificantes já que a cura é simples. Temos doenças modernas que afligem toda a estrutura do homem, causando o estresse, a loucura e assim, fazendo os números de suicídios dispararem em todas as partes.
A violência habita em todas as esquinas, dentro dos lares, nos bares, onde nem se pode imaginar. O homem está vivendo sob pressão e uma hora ou outra acaba explodindo e causando sérios transtornos ao seu redor. A lei de levar vantagem, de trapacear, de enganar, de explorar e de passar por cima de quem está no caminho, gritando pelos reais valores, é a que impera e faz as engrenagens acelerarem de maneira a engolir quem não esteja preparado para este circuito tão veloz e pernicioso.
Mas temos ainda uma chance! Podemos simplesmente SER nós mesmos e viver tranquilamente, longe da máquina que empurra e que passa por cima, que leva a correr, a consumir, a deixar de amar, a matar se preciso for e consequentemente, a se chegar a lugar algum e descobrir que já é tarde e não se pode voltar.
Temos a cada dia que nasce, a real oportunidade de ajudar a melhorar o mundo, abrindo um sorriso para as outras pessoas, dando uma caminhada salutar e apreciando a paisagem, acenando para o sorriso de uma criança, ouvindo uma canção, fazendo uma gentileza, proporcionando uma surpresa, colaborando com o colega de trabalho, visitando um orfanato ou um asilo de idosos, pedindo perdão por um erro cometido e perdoando àqueles que também cometeram seus erros.
Se você se acha tão poderoso, por favor; numa noite de céu limpo, faça a gentileza de olhar para o céu atentamente. Olhe bem, até onde seus olhos forem capazes de enxergar. Você vai ver muito pouco do tudo que é o infinito. Você vai descobrir que não é nada diante da grandeza do Universo e que o tempo baila em sincronismo com todas as estrelas e que nosso calendário, nossas datas, nossas invenções não são absolutamente nada diante do espectro que a estrela maior produz, diante dos mistérios que se perdem há muitos e muitos anos-luz e que você só tem mesmo um poder: o de ser o que realmente é e de mudar para melhor.
Não esqueça de fazer este “primeiro contato” com você mesmo. Os alienígenas que tantos aguardam virem lá do espaço, estão faz muito tempo caminhando pela Terra. Acredite; somos, sem sombra de dúvidas, alienígenas da nossa própria existência. Mas é tempo ainda de nos reencontrarmos, afinal; o mundo tem muito de belo a oferecer e cabe, a cada um de nós, fazer sua pequena mas importante parcela. (P.B.J)

- São José dos Pinhais – 28/04/2008 -

Um comentário:

Znayde disse...

Oi Pedro querido...
Gostei do artigo!
Me fez recordar quando li o livro 1984, era jovem, tinha meus 20 anos, e fiquei assombrada com as idéias do autor... anos mais tarde, já em 1984, e mais madura, e percebendo que estava ali, vivendo o futuro, vivendo a ficção, pude sentir que o futuro está dentro de nós...o futuro somos nós! Por isso mesmo temos que viver muito bem o dia a dia...um dia de cada vez!
Beijos! Zenaide.