quinta-feira, 16 de setembro de 2010

REVIVENDO PINCELADAS DE KRØYER

Me pego diante de um entardecer preguiçoso observando através da janela a serra distante e límpida. Esqueço do tempo, das horas e das tarefas que me esperam e me permito embarcar numa dessas viagens tão rápidas que só a mente consegue proporcionar e regresso talvez em alguns poucos minutos. A cena é única e rara nestes tempos em que muita gente ruma para o litoral e assim, deixam as praias constantemente abarrotadas, tanto de pessoas quanto de muito lixo. Mas a minha cena é a praia vazia, deserta mesmo, por onde eu caminho nestas frações de segundos da mesma maneira que já o fiz por algumas vezes. Uma jornada ouvindo o quebrar das ondas, sentindo a brisa tocar o rosto e volta e meia deixar a visão vislumbrar a perfeição do vôo de uma gaivota. Pronto! – Estou de volta a esta realidade de uma tarde em que o trabalho exige sua seqüência e onde me deixo reservar na mente mais uma dessas raras oportunidades na forma exata de um planejamento sem data marcada. As horas galopam, as tarefas são concluídas e agora, me permito abrir os portais da Internet e viajar por ai, talvez na busca de algo novo, inusitado ou curioso. Clico aqui e ali e de repente lembro de uma antiga canção do Walter Franco, lá dos anos 80 e decido procurar a letra para ver se ando cantando corretamente. A letra surge na tela e com ela vem de brinde um vídeo que me faz parar outra vez para imaginar “toda a beleza do mar”. Assim, decido que vou “pendurar” a letra por aqui bem como o vídeo, mas é preciso uma imagem de um barco a vela, já que o titulo da canção de Cid e Walter Franco é “Vela Aberta” e vela aberta realmente incita em navegar por horizontes desconhecidos. Clico outra vez aqui, ali e acolá e de repente deparo com uma pintura que me captura sem piedade. Abduzido pela cena fico com os olhos parados observando. Quem seriam as duas damas passeando naquela praia? O texto daquele portal todo em dinamarquês... E agora? Ah! Lembrei das ferramentas de tradução do Google e não tive dúvidas, consegui levantar alguma coisa importante. Tudo começou com meu olhar na serra, minha mente na praia, meus afazeres, a música do Walter Franco e agora, estou eu na Dinamarca, confuso naquela linguagem que me parece misturar inglês com alemão e por ai vai. Mas nós, aventureiros do tempo, não podemos parar a jornada por causa de detalhes tão pequenos. A tela com as damas está aqui, diante dos meus olhos, com toda a sua história e a história do talento de mais um desses gênios da pintura que poucos já ouviram falar. Pois bem; a obra intitula-se “Noite de Verão no Sul da Praia de Skagen” e o autor, Peder Severin Krøyer a pintou no já tão distante 1893. Volto a minha pergunta: Quem seriam as duas damas da pintura? Foi difícil confesso, mas descobri se tratar de Anna Ancher e Marie Krøyer, esposa do artista. Anna era esposa de um amigo de Peder, o também artista Michael Ankers. Peder nasceu em 23 de julho de 1851 e viveu até 21 de novembro de 1909, período em que escreveu sua história sempre movido pela paixão. Isso o transformou num líder não oficial de um grupo de artistas dinamarqueses e de outros países nórdicos que viveram, trabalharam ou se encontravam na cidade de Skagen, na Dinamarca. Conhecido como P.S. KrØyer, o artista fez muitos registros através de cenas de praias onde mostra tanto a vida recreativa dos banhistas como a vida dos pescadores. Muitos dos seus trabalhos integram a coleção permanente do Museu Skagens que é dedicado à comunidade de artistas, incluindo aqueles que se reuniram em torno de Krøyer. Agora, aprecie você também a beleza da tela e se deixe levar por sua viagem particular, porque eu devo confessar que minha jornada por hoje foi gratificante, embora cansativa. Vou recompor as energias e ativar a mente. Logo, estarei navegando outra vez neste meu “barco a vela” que tem a capacidade de singrar os oceanos da alma.

2 comentários:

INAMAR disse...

PBJ , você "estraçalhou " Que lindo !Lindo de uma alma mais que linda.Parabéns,"ocê é meu orguio ".
com certeza sensibilizou "n" corações. Deus abençoe essa missão. Bjks.Mana

nenemritinha disse...

Bela crônica, sensível. Deixei-me navegar por suas palavras. Cheiros, Rita de Cássia Amorim Andrade.