segunda-feira, 26 de março de 2012

UMA LIÇÃO PARA POUCOS

“Aprendi através da experiência amarga a suprema lição: controlar minha ira e torná-la como o calor que é convertido em energia. Nossa ira controlada pode ser convertida numa força capaz de mover o mundo.”
                                                                                                      -Mahatma Gandhi-
Dizem que nem sempre determinadas questões tem a solução nas respostas e sim nas perguntas. Até porque, certas respostas não conseguem nos convencer sobre o que surge diante de nossos olhos, todos os dias, em todas as partes.
Por mais que pensemos na possibilidade de ficar parado, de se entregar a uma forma estática diante ao cansaço do dia a dia, lá fundo temos a plena convicção de que nada no Universo para e por mais que nos deitemos e nos entreguemos à profundidade do sono, nosso organismo segue ativo em todas as suas funções.
Mesmo assim, perante o sono restaurador e aos sonhos e suas nuanças, sabemos que em cada hemisfério a vida palpita com fervor e muitas vezes tais ações impressionam pela audácia de certas pessoas.
Evidente que na medida em que o tempo avança e o mundo evolui, pelo menos em algumas partes, em outras acabamos deparando com tradições antigas que ferem todos os conceitos a respeito da vida.
 Me pego então, depois de uma indisposição gastrointestinal, completamente enfraquecido, me sentindo como uma autêntica marionete. A vida é uma constante luta, a cada segundo, a cada palpitar do coração, a cada movimento das células e todas as nossas funções. O organismo se agita e lá dentro, poderosos exércitos se enfileiram para combater o inimigo. A ajuda externa sempre é benvinda, com medicação caseira ou não. O fato é que a recuperação, ainda que lenta, nos transporta à salutar vontade de viver, de seguir em frente, de realizar, de incentivar, de até mesmo participar de campanhas, de protestar sobre questões diversas mas sem perder a compostura ou ultrapassar limites.
Por que faço este tipo de referência? Porque de repente, neste regresso da dor, da pequena febre que produz suas miragens deparo com a assustadora cena de um homem em chamas. Não é cinema, não é fantasia! Realidade pura através de uma antiga tradição tibetana e talvez de outros povos mais próximos de lá que levam indivíduos a atear fogo no próprio corpo para protestar, como aconteceu na Índia em função da visita do presidente da China. Várias autoimolações de manifestantes já aconteceram e outras devem vir na sequência.

As respostas, sejam quais forem, nos levam a repensar o mundo em que vivemos.
Talvez por aqui, ainda que diante de tantas safadezas com o dinheiro público, onde alguns se apropriam dos recursos que poderiam melhorar a saúde, a segurança e a educação, estejamos, apesar de pesares, numa condição quase paradisíaca.
Lá, distante, o mundo parece um formigueiro em constante revolta, com protestos grotescos, suicidas que desejam se tornar mártires, poderosos que pisoteiam povos e outros que desejam ameaçar o mundo com suas possíveis bombas.
O mundo não para de crescer e quando nos lembramos que já somos sete bilhões de humanos chega a dar um frio na espinha, porque em toda parte, praticamente todos os dias, surgem loucos disparando suas armas contra inocentes, surgem malucos explodindo carros-bomba e de repente, surgem ativistas em chamas provocando um tipo de horror que, se á primeira vista nos assusta, em seguida nos incita a ter pena e a pedir a Deus que os perdoe.
Lembremos, em qualquer lugar do planeta, que Mahatma Gandhi libertou seu povo das mãos dos opressores sem pegar uma arma e, até onde sei, sem que alguém protestasse de maneira tão radical. O Grande Alma apenas sensibilizava o mundo com seus quase intermináveis jejuns. Pelo visto, sua magnífica lição foi para poucos!...

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