terça-feira, 22 de setembro de 2020

CAMINHANDO SOBRE O TAPETE DAS FLORES DO IPÊ

Quando se é escritor, ainda que por presunção, a gente comete alguns erros que são, na verdade, motivados pela inspiração daquele momento mágico, tão único quanto ao instante em que se tira uma foto por ai.

O primeiro deles é a gramática, que a gente pisoteia para desespero daqueles que a levam com uma seriedade sem limites. Mas para este erro há sempre a possibilidade de todas as devidas correções e ajustes. Já para o outro, não temos como dar uma mexidinha, porque muitas vezes se fazem necessários. São as repetitividades de cenas ou causos já relatados em outra crônica ou outro conto. Em sendo assim, é verdade que num dia qualquer e bem distante eu já tenha falado sobre a maravilha dos Ipês Amarelos cujos tapetes de suas flores enfeitam muitas calçadas pela cidade. Mas outrora esses tapetes eram em maior quantidade e, portanto, muito mais marcantes.

Hoje, último dia do inverno desse 2020 que foi e segue sendo um ano gelado, porque todos nós entramos numa fria digna de pinguins, deparo com um comentário curtinho de uma amiga de longa data, a Célia Cesar que lá elogiou uma postagem  que fiz sobre o Dia da Árvore e onde ela diz : “ Não sei o que dizer... Só sei que esta chegando a temporada dos Ipês e eu me lembro de você”.

Uma forma sutil de lembrar-se da gente cuja distância é imensa e que também, nunca nos conhecemos pessoalmente. Nossa amizade começou na época do já extinto Orkut e onde havia; minha memória falha um pouco, um portal dedicado me parece aos Altares. Por lá chegavam em suas canoas pessoas maravilhosas e com ideias magníficas para compartilhar com quem de repente estivesse em busca de um bálsamo para encarar os desafios da existência. A grande verdade é que daqueles Altares onde cada um levava sua oração, nasceram importantes amizades e digo sempre a todos os amigos lá feitos que cada um teve sim um papel importante para que a gente pudesse olhar o mundo com outros olhos. O portal dos Altares se foi, mas os “monges” continuam por ai, cada um na sua, mas com algo em comum: A fé!

E os Ipês Amarelos? Ah! Que árvores majestosas que simbolizam a nossa terra, nos dão a sombra, o colorido, mas não oferecem frutos. Pelo menos “não” na categoria do palpável e comestivo, trazendo o sublime néctar do coração da terra. Mas seus frutos vão além-alma e nos levam por uma espécie de jovialidade, um tipo de fonte da juventude que banha nosso olhar com o amarelo das flores e o verde de suas folhas. E então, esses “frutos” tão estranhos abrem o coração da gente e levam até ele a essência mais pura que ajuda a gente a ter inspiração de escriba, força de vontade de professor, carisma de apresentador de rádio ou televisão, preceitos de pura fé em religiosos de todas as ordens e a pureza tão singela de toda e qualquer criança que chega a este mundo apenas para viver. Eles chegam à estação da vida sem falar nada, sem pensar nada, sem empunhar bandeiras ideológicas, sem torcer para este ou aquele time, sem dar importância à raça, à religião ou a preferência sexual dos outros. Simplesmente nascem e chegam como a argila que se retira da barranca de um rio. O que os outros farão com ela é o que importa. Como vão moldar as pequenas e inocentes almas é que influenciará nos destinos do mundo.

Mas os Ipês Amarelos seguirão florindo a cada Primavera, estendendo seu tapete vistoso aos transeuntes, despertando olhares de paixão e escrevendo ali mesmo uma poesia que fala de amor, de transformação e que inclui até gente carrancuda que reclama que a arvore faz muita sujeira porque derruba aquelas flores todas e depois aquelas folhas todas até ficar peladinha. Então está ai mais um segredo dos Ipês que tanto amo. Aquelas árvores com nome masculino são dotadas de uma feminilidade tão incrível que nos proporcionam desfiles de cores e depois ensaios fotográficos de uma nudez que inspira acreditar que a alma da gente é bem assim; primeiro espalha cores de todas as nuanças e mais tarde se desnuda para nos mostrar a evolução. Mas claro; como não pensei nisso antes? Os Ipês Amarelos são borboletas com raízes que incitam a gente a fazer como a lagarta. Primeiro se rasteja, depois se mergulha num casulo e mais tarde se eclode em cores para singrar os céus e provar o quanto a vida é bela e “maravilinda”, como costuma dizer a amiga Célia a quem é claro, agradeço por ter sido hoje, motivadora dessa rápida inspiração, mas lembrando que nada é por acaso e que a gente, volta e meia dá um pulinho até o Altar para uma conversa com aquele “Cara” que é extremamente radical, correto e grande protetor de cada passo que a gente dá nesta caminhada por sobre os majestosos tapetes das flores do Ipê.


-Pedro Brasil Jr - 22/09/2020 -

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

O RESGATE DA ENERGIA SOLAR QUASE AO FINAL DOS TEMPOS

Ainda nem haviam erigido a Torre Eifell em Paris quando, durante uma grande exposição um inventor e engenheiro americano então presente, demonstrava a sua magnífica invenção. Aliás; teria sido primordial para o destino da humanidade que poderia aqui chegar hoje sem essas ameaças monstruosas do aquecimento global.

Frank Shuman era o nome da cara que, durante aquele evento fez uma  incrível demonstração do poder da energia solar construindo um pequeno motor que funcionava ao refletir a energia solar  para caixas quadradas cheias de éter, que tem um ponto de ebulição mais baixo do que o da água, e era equipado internamente com tubulações pretas que por sua vez alimentavam um motor a vapor. Bem; ele fez uma mágica na ocasião quando, através do sistema serviu sorvetes para alguns presentes.  Mais para frente, entre 1912 e 1913, Frank Shuman construiu em Maadi, Egito, o que pode ser considerada a primeira usina solar. A ideia era irrigar o deserto com águas do Rio Nilo através de um sistema motriz movido pela energia solar. Pena que durante a Primeira Guerra Mundial o complexo fora totalmente destruído.

De lá para cá tivemos a virada de um século onde o uso dos combustíveis fósseis ganhou o mundo e assim, a poluição envolveu o planeta e dele o fez a maior vítima interferindo em vários segmentos de sua naturalidade. Como resultado, o aquecimento global que hoje afeta por demais as calotas polares. E somemos a isso tudo os desmatamentos por todas as partes, o uso de carvão vegetal e de uma gama de outras práticas nocivas criadas pelo homem com intuito de gerar lucros.

Agora, mais de cem anos depois da proeza do pioneiro Shuman, o mundo volta a olhar a energia solar com a grande saída para novos tempos, sem poluição, com energia renovável entregue a todos nós pelo astro rei.

Oras; que humanidade é a nossa onde os interesses financeiros se sobrepõem à própria existência? Seguimos ainda assim e eu lembro a quem interessar possa que, no nosso país, o nordeste sempre padeceu pela falta de água e de atenção governamental. Quando D. Pedro II criou o projeto da Transposição do Rio São Francisco ele tinha a magnífica visão de que era possível resguardar a região toda e, através dela produzir  muito através do trabalho da gente nordestina. Mas daí veio a Proclamação da República, o país ganhou outro rumo e o projeto da Transposição do São Francisco foi parar no fundo de algum baú.

Quando resgatado, décadas e mais décadas depois, não foi bem visto pelos interesses dos ditos abastados, aqueles que sempre desejaram e seguem desejando que os nordestinos se mandem para São Paulo, porque daí eles tem mão de obra barata, pouco importando se as favelas e a violência vão aumentar. Eles moram em palacetes e coberturas...

Meu caro Frank Shuman esteja você onde estiver saiba; seu pioneirismo chega ao reconhecimento mundial e é sim; a solução mais viável, não poluente e totalmente renovável. Mas saiba também meu caro, que todo aquele que tem uma ideia pratica, barata e sustentável ou é sumariamente abatido pelo poder da guerra ou então; passa a ser comunista. O que os ditos grandes querem sempre é o poder e o lucro. E salve o Sol.


- Pedro Brasil Júnior – 03/09/2020 –