Saudade imensa de ouvir ao amanhecer e em outras horas do dia aquele magistral canto de um galo. Cantar, para o Galo, coisa tão natural!...
Mas que tempos são esses em que muita gente mergulhou no tambor do absurdo?
Então alguém decide denunciar um galo. O Galo Romeu, propriedade de uma família lá pela Cidade Industrial. Polícia na porta, ocorrência inusitada. Eu fico imaginando o que deva ter passado pela cabeça dos policiais em serviço. Já imaginaram ter que “algemar” o galo e levar o bicho ao delegado? Coisa de doido, só pode.
Bem; os policiais ofertaram orientações à proprietária, e o galo Romeu segue cantando ora bolas!
Aqui na minha rua passa um desses carros que o cidadão vende ovo. No alto falante tem a gravação de um galo com coral de galinhas para chamar atenção. Propaganda é alma do negócio sempre. Já imaginou se alguém decide denunciar este pai de família que está trabalhando?
Não estamos mais vivendo num mundo natural. O canto do galo incomoda, o apito do trem incomoda, a música ali do vizinho incomoda, o casal homoafetivo que mora em frente incomoda, a família de afrodescendentes incomoda e até o cocô de um cachorro na grama da frente da casa de um cidadão incomoda pacas. Tudo incomoda os inconformados com a vida.
Já cantava o saudoso Gonzaguinha: “ Viver e não ter vergonha de ser feliz!”
Vive, ora pois, com o cantar do galo, o badalar de um sino, o apito do trem, a algazarra das crianças... porque um dia, tenha certeza disso, um dia o silêncio chegará sorrateiro para dividir a tua solidão com as paredes. Ah! Dirá você solenemente: Que saudade tenho do cantar do galo anunciando o palpitar da vida lá fora.
E tenho dito!!!!
(***) a foto do Galo Romeu “emprestei” ai da Internet.
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