segunda-feira, 19 de maio de 2014

ONDE DORME O BEIJA-FLOR?

Certa vez ouvi um gaúcho afirmando que o pôr do sol no Guaíba é único no mundo. Na época só pude mesmo imaginar e nem podia desconfiar que Deus, em sua suprema sabedoria um dia, nestas andanças surpreendentes, me levaria ao próprio Guaíba, a bordo de um veleiro só para ver de perto aquele espetáculo que realmente é único. 
Hoje, aqui no Afonso Pena, confesso a vocês que nas oportunidades de observar o entardecer, descobri que cada um deles também é muito especial, principalmente quando os raios do sol pincelam os cúmulos e um desses aviões atravessa a cena só para dar aquele toque a mais.

Aqui da janela, me pego repensando o ano que se vai e como todo bom brasileiro, fazendo alguns planos para 2014. 
Eis que numa fração de segundo ele atravessa meu campo de visão e rapidamente faz uma evolução num girassol solitário e regressa velozmente me premiando com algumas evoluções e em seguida, para minha surpresa decide dar uma paradinha no fio do varal. 
Um beija-flor multicolorido bem ali, a poucos metros, alheio à minha presença agora, talvez repensando seus voos e suas aventuras. A tarde se despede e a cortina da noite avança. Já dá para ver as primeiras estrelas surgirem e ele ali, tranquilo e calmo, decidindo quem sabe para onde irá  se recolher. 
Então me pego pensando em algo que jamais havia questionado: onde dorme o beija-flor? 
Em nossa correria diária somos sim, beija-flores velozes em meio a esses jardins de pedras, ansiosos pelo néctar das cédulas, dos lucros, das soluções aos problemas que criamos e daqueles que outros criam para nos tirar o sono.
 Mais uma vez repenso a correria da vida e me questiono: será que vale mesmo a pena? Por que correr tanto? O que a gente deseja tanto alcançar que nunca alcança? Foi assim que decidi desacelerar um pouco mais e pasmem; dos projetos, dos sonhos para 2014, acreditem: me contento se conseguir um banco, uma mesinha e um espaço no meu pequeno quintal para poder, nas horas livres ler um bom livro como a gente fazia antigamente. 
 Ah! Um vaso com flores e um daqueles frascos estrategicamente pendurado com água doce para que outros beija-flores venham me visitar. Onde eles dormem? Com certeza nos sonhos de cada um de nós!
(São José dos Pinhais, 04/12/2013)

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