domingo, 13 de fevereiro de 2011

CHEIRO DA TERRA

CHEIRO DA TERRA
- Pedro Brasil Jr -
Chuva rápida! Cheiro da terra que exala. Torpor nas narinas ativando o cérebro. Arquivos mortos que ressuscitam e me atiram ao passado como se fosse uma flecha. Janela antiga!... Tarde de chuva.... O mesmo cheiro, o mesmo torpor. Só o tempo já não é o mesmo... Quantos anos se passaram? Quantas mudanças aconteceram? Nem a janela já existe. Estruturas perdidas em ferro velho. Vidros quebrados pelos vândalos. Histórias que simplesmente evaporaram. Daquela rua praticamente todos se foram. Com suas páginas escritas, com suas lembranças marcadas na alma. O cheiro da terra depois da chuva também evaporou. Só ficaram esses arquivos mortos que às vezes ganham vida outra vez. Eles descansam enquanto a gente cansa. Eles debocham pelo que não fizemos. Eles ressurgem para nos dar o aviso: A vida segue e pode renovar-se nas mais simples recordações. E que chova assim de novo, para que eu possa me deixar levar pela fragrância única que a mistura de água em terra seca produz para dar vida às lembranças que eu achava estarem mortas.
- Curitiba - 27/01/2011 -
*Publicado originalmente na Usina de Letras -

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