ESQUINAS
-Pedro Brasil Jr-
Se me perguntar por onde tenho andado
simplesmente direi que fui até à esquina!
Uma dessas esquinas onde o tempo
descansa sorrateiro.
Uma dessas esquinas aonde a gente chega
e desconhece o próprio destino.
Mas que importam as esquinas
se a vida é feita de entroncamentos?
Giro meu olhar num círculo perfeito
como já o fiz tantas vezes ali.
O mesmo céu, as mesmas árvores, talvez os
mesmos pássaros, os mesmos cães vadios...
Mas a voz da alma jamais muda e seu apelo
leva-me sempre até aquela esquina.
Já me peguei em silêncio ali mesmo, olhando
um vazio tão cheio de cenas.
A imensa tela da vida com suas bruscas pinceladas,
sejam nas manhãs frias, nas tardes inebriantes ou
nas noites por onde os segredos voam disfarçados de mochos.
Ah! Dá vontade de cuspir palavras, mas minha voz
é puro silêncio!
Consigo apenas falar comigo mesmo e isso, apesar de
estranho, muitas vezes é um tanto esclarecedor.
Como esclarecedor termina em “dor”, a dor maior se
extingue como uma nuvem qualquer.
As dores suportadas, pesadas, carregadas de rancores se foram por rumos que pouco interessam.
Fica o sorriso e o pensamento leve!..
Fica a vontade de, num toque de magia, mudar algumas coisas, como se muda uma frase num texto qualquer.
Mas nas esquinas da vida não se pode mexer.
Por elas, passos de todas as magnitudes levam pessoas
aos seus rumos rotineiros.
Só eu mesmo é que venho até a esquina para espionar
o tempo, em seu descanso curioso.
Mas os ponteiros dos relógios seguem a galope,
seja no raiar do sol ou na miragem dos primeiros
holofotes.
A noite embala os sonhos, a esquina fica vazia
e os mochos são agora verdadeiras extensões
dos postes.
Outra vez na esquina, espiando as cenas da
grande tela e, se um descuido permitir, mergulhar
num olhar de menina.
Mas esta é outra história!...
- São José dos Pinhais – 15 de Agosto/2010 -
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